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Gaspar Kakunda: O Pastor Revolucionário Abatido pelos Bófias da PIDE - Gerson Prata

A Polícia Secreta do regime salazarista, a temida PIDE-DGS, foi responsável pela eliminação física de diversos nacionalistas angolanos, considerados ameaças ao domínio colonial. Não poupava ninguém quando o que estivesse em causa fosse a preservação do colonialismo.

Naquela época, professores, pastores, catequistas e, também, alguns padres utilizavam a palavra de Deus como instrumento de libertação espiritual e política. As pregações baseavam-se no pressuposto de que, para Deus, nenhum homem é inferior a outro, e nenhuma raça é superior a outra.

O nacionalista Gaspar Kakunda compreendeu muito cedo que os povos autóctones deviam tomar consciência dos seus direitos e responsabilidades perante a terra que lhes pertencia. Naquele tempo, quem pensasse como ele, era imediatamente quadriculado pelos agentes da segurança.

A PIDE, com o auxílio de sipaios nativos, corrompidos por cinco “estões” (tostões), infiltrava-se facilmente no meio rural. Foi por meio desses informadores que o nacionalista Kakunda foi capturado, no dia 30 de Março de 1961. Dias depois, foram presos dois dos seus filhos e, de seguida, a sua esposa. De salientar que, antes de ele ser preso, o filho mais velho, Júlio Tchindjovola Kakunda, já se encontrava na cadeia do Balombo, para onde fora levado tão-logo se deram os acontecimentos de 15 de Março de 1961. Durante o mesmo período, outros líderes religiosos, enfermeiros e professores do Centro de Kayengue foram igualmente presos.

Trago este relato, que me foi contado pelo tio Comigo Kakunda, que escapou à prisão por ser ainda menor de idade — ele, o irmão a quem seguia, e mais três primos que viviam com eles.

Estes nomes, se ainda não constam das listas dos homenageados, sugiro que a comissão incumbida de apurar os contributos individuais para a independência nacional os verifique, consultando os arquivos da PIDE-DGS e outras fontes fidedignas, a fim de que não sejam esquecidos.

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