Circulam em círculos restritos na capital angolana informações de que as autoridades optaram por manter em sigilo um episódio de rapto. A vítima, um menino de 11 anos, é filho do diretor do Serviço de Investigação Criminal (SIC), Luciano Tânio Jorge Custódio Mateus da Silva.
O incidente ocorreu em junho, quando o menor foi raptado nas imediações da escola. Os raptores mantiveram-no por um curto período de tempo e, posteriormente, libertaram-no ileso. A interpretação generalizada é de que os autores do rapto pretenderam chamar a atenção do director do SIC, ou mesmo fazer uma espécie de "chantagem", como um aviso às suas acções institucionais.
Desde que assumiu a chefia do SIC, o Comissário Tânio da Silva tem implementado uma série de reformas internas, que resultaram na detenção de altos funcionários por suspeita de irregularidades. Segundo algumas suspeitas, a retaliação a estas acções pode ter vindo de uma fação que quis demonstrar a sua capacidade de "vingança", atingindo o diretor na sua esfera familiar.
Desde a ocorrência deste incidente, o diretor do Serviço de Migração e Estrangeiro (SME), José Coimbra Baptista Júnior, conhecido como "Coy", também nomeado nas mesmas circunstâncias que Tânio, tem tomado medidas de precaução. Relata-se que passou a usar colete à prova de bala e a andar com uma arma.
Desde que assumiu o SME, Coimbra ordenou a detenção de quadros acusados de terem ligações com o antigo ministro Eugénio César Laborinho e terá recusado a integração de outros. As suas operações têm gerado contestação, com funcionários da instituição a acusá-lo de adoptar uma postura "fria" e de "dirigente autoritário".
Nomeados desde outubro de 2024, o novo diretor do SIC, Luciano Tânio Jorge Custódio Mateus da Silva, e o diretor-geral do SME, José Coimbra Baptista Júnior, são quadros oriundos do aparelho de segurança do Estado.
Luciano Tânio Jorge Custódio Mateus da Silva, o novo DG do SIC, foi, no passado, chefe-adjunto do SINSE (Serviço de Inteligência e Segurança do Estado), durante o consulado de Mariana Lourdes Lisboa, em 2006. Mais tarde, dedicou-se à docência como professor universitário no PIAGET, embora mantendo a categoria de "assessor" no SINSE.
Oriundo das extintas FAPLA (Forças Armadas Populares de Libertação de
Angola), José Coimbra Baptista Júnior, conhecido como "Coy", o novo
líder do SME, é economista de formação. Fez carreira no SIE (Serviço de Inteligência
Externa) durante a gestão de Fernando Miala, onde serviu como diretor de
estudos e planeamento. Posteriormente, foi transferido para o SINSE, onde
ocupou o cargo de número dois da área administrativa até a sua nomeação em 25
de outubro de 2024.
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