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HARIANA VERAS: Faz Diplomacia, os Diplomatas Tiram Selfies! - Denílson Duro

Ah, que extraordinária aula de diplomacia de salto-alto vimos no Salão Oval! Enquanto legiões de embaixadores angolanos passam a vida a degustar croissants à francesa nas respectivas chancelarias – afinal, alguém tem de garantir que a boa pastelaria parisiense sobreviva – surge Hariana Veras Victória, microfone numa mão, Prémio Nobel na outra, a redefinir o manual de política externa com um simples “Mr. President, o meu chefe vai candidatar-lhe para o Nobel da Paz”.

Chamem-na jornalista se quiserem, mas o rótulo mais académico é spin doctor de luxo: mescla de repórter, embaixadora improvisada e, claro, stylist da vaidade alheia. Em minutos, fez mais lobby do que vinte notas verbais enviadas por via diplomática em dois anos (e olhe que cada nota vem acompanhada de protocolo, carimbo, fita vermelha e um tapete onde o responsável tropeça).

Vejamos o milagre: Trump, homem pouco dado a sentimentalismos, derrete-se em directo, confessa que a beleza da repórter ameaça a sua carreira (“politicamente incorrecto”, diz ele – tão fofo!). E nós, que pagamos impostos para manter diplomatas em mansões com vista para o Sena, percebemos finalmente que gastámos milhões quando bastava despachar uma Hariana com telemóvel e cartão de repórter.

Enquanto os profissionais do Itamaraty de Luanda se entretêm a discutir o diagrama das cadeiras num almoço oficial, Hariana lança a linha directa para o Nobel. Alô, Comité de Oslo? Não se preocupem, o dossiê já está pronto – em formato story de Instagram. Se isto não é diplomacia 4.0, não sei o que será.

Portanto, caros diplomatas habituados a viver “à francesa”, façam-nos um favor: actualizem os vossos CV. Sugestão de competência indispensável para 2025: “Capacidade de elogiar egos inflados em menos de 30 segundos perante câmaras internacionais”. Hariana já tem: foi cum laude e em horário nobre.

No final, resta-nos agradecer. Porque, com spin doctoras destas, Angola talvez dispense attachés de imprensa, embaixadas megalómanas e – quem sabe – até notas diplomáticas. Basta um sorriso, um Nobel de bolso e a cara de quem sabe que, numa só frase, fez virar cabeças, manchetes e carreiras.

Que se abram as cortinas: a verdadeira diplomacia veste blazer, carrega microfone e manda beijinho para a câmara. Afinal, “Elle est belle”… e a nossa política externa vive feliz para sempre no feed do Oval Office.

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