Uma idosa de 80 anos, que em vida respondia pelo de Esperança Paulo, natural de Luanda, uma das vítimas de agressões da Polícia Nacional (PN) do Comando Provincial de Luanda (CPL), faleceu na segunda-feira, 29 de Abril, em consequência da intoxicação de gás lacrimogêneo lançado na última acção policial contra os camponeses da empresa “Konda Marta”.
Os familiares contam que a idosa, cujo funeral foi realizado na manhã desta
quinta-feira, 02, no Cemitério da Mulemba (também conhecido por cemitério do
14), sofreu, por duas vezes, a violência de agentes da Polícia Nacional na zona
do 11 de Novembro, no Distrito Urbano da Cidade Universitária, quando em
companhia das demais senhoras, tentava impedir a invasão de terrenos, que
alegam ser das camponesas.
Numa das acções, segundo ainda os familiares, a idosa quebrou um dos dedos depois de ter sido espancada pela Polícia Nacional, situação que terá agravado o seu estado de saúde.
O porta-voz das camponesas, Daniel Afonso Neto, disse que “de lá para cá, a
idosa de 80 anos, não gozava mais de boa saúde e a situação piorou quando, na
última incursão os efactivos lançaram o gás lacrimogénio contra as senhoras,
tendo atingido gravemente a senhora”, contou.
O também Tenente Coronel das Forças Armadas Angolanas (FAA) “atribui” a
morte da idosa Esperança Paulo “ao senhor ministro do Interior, Eugénio
Laborinho” e ao “comandante provincial de Luanda da Polícia Nacional, Francisco
Ribas”, de supostamente serem os “mandantes” pelos actos “violentos contras às
indefesas camponesas da Sociedade Konda Marta”.
“Por causa da invasão de terrenos acabamos por perder a senhora Esperança,
uma idosa de 80 anos, que já esteve detida por duas vezes, a mando do ministro
do Interior e do comandante de Luanda, em operações que eram lideradas pelo
então comandante municipal do Talatona, Joaquim Dadinho do Rosário e o
impendente Mufuma”, apontou, acrescentando que “na terceira detenção foi
partido o dedo”.
Daniel Neto frisou que a malograda ficou internada por algum tempo numa das
unidades hospitalares, mas para a sua “tristeza” a idosa não resistiu e acabou
por falecer na segunda-feira, 29 de Abril.
O director-geral da Sociedade Konda MartaII pensa que as autoridades
angolanas, por meio do MININT e do Comando Provincial de Luanda da Polícia
Nacional (CPLPN) devem se responsabilizar pelas despesas do óbito e outros
dados causas à família da vítima.
Refira-se que, em Setembro de 2023, um jovem de 22 anos, Alves Benjamin,
foi morto a tiro por supostos agentes da Polícia Nacional de Talatona,
alegadamente mandatados pelo comandante municipal, na altura subcomissário
Joaquim do Rosário, na luta pela protecção de uma parcela de terra de 105
hectares que oficiais superiores teriam vendido a um empresário chinês - dono
da empresa HS.
Conforme avançaram testemunhas no local ouvidos pelo Club-K, o jovem
trabalhador da empresa chinesa HS foi baleado à queima-roupa na região do
abdômen por um dos efectivos de Talatona, após ser confundido como um dos
trabalhadores da empresa “Konda Marta”.
O caso foi remetido à Procuradoria-Geral da República (PGR), mas de até ao
momento, de acordo com Daniel Neto “o silêncio” da justiça angolana “tem sido a
melhor resposta”.
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