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Angola vs China - Bonifácio Elalo

Tão logo terminou a guerra civil em Angola, o executivo tentou angariar fundos através de fóruns de doadores que sempre resultaram em fiasco. Quem foi o maior investidor nos últimos vinte anos no país?

Resposta inequívoca: China.

É claro que muitos questionam a qualidade das obras. Mas, bem ou mal são essas obras que fazem este país andar do ponto de vista económico e social. Caminhos de ferro, estradas, pontes, centralidades, fábricas de automóveis, grandes centros comerciais, bens e serviços; enfim, a lista é infinita. Sem falar na criação de milhares de empregos.

A pergunta que irá incomodar é: por que essa repentina inclinação do governo de Angola para o Estados Unidos da América?

Nos últimos 50 anos de independência o que é que os americanos já fizeram de relevante em Angola e que tem tido algum impacto na vida dos angolanos?

Claro, pondo de parte a produção petrolífera que é um investimento de duas vias. Toma lá, dá cá.

Ora, vejamos, quem reconstruiu os caminhos de ferro de Benguela, Moçâmedes e de Luanda, devia ser prioridade em qualquer outro projecto ligado a este sobretudo se houvesse necessidade de distensão, uma vez ter maior conhecimento e intimidade com toda uma série de variáveis inerentes a um projecto desta dimensão.

As lideranças africanas estão carecas de saber que ao ocidente não interessa o desenvolvimento de África. Isto significa que, qualquer dança política ou económica que se faça com os Estados Unidos América ou com a União Europeia não vai passar disso. Uma dança. O pior de tudo é que são eles que tocam a música e a dançam. Os africanos se limitam a ouvir e assistir.

Uma dessas musicas é o tão propalado financiamento americano ao corredor do Lobito com investimento Europeu.

Quando é que este projecto irá sair do discurso, dos memorandos para a execução prática?

Quanto ao financiamento no âmbito do corredor do Lobito, quem irá receber e quando começará a receber?

Entretanto, se fossem os nossos amigos chineses, acredito piamente que o dinheiro já estaria disponível e os navios com toda a maquinaria já estaria ou a caminho ou no local dos trabalhos.

Todavia, como os líderes africanos continuam a sofrer uma espécie de síndrome de Estocolmo, no dia 22/06/2025, assistimos a mais uma cimeira empresarial Estados Unidos- África que reuniu mais de 1.500 delegados, presidentes, chefes de governo, ministros africanos, altos funcionários do governo dos EUA e lideres de empresas americanas e africanas. Onde os americanos apresentaram um pacote para financiamento de 100 mil milhões de dólares para toda África no espaço temporal de um ano.

Quem irá beneficiar -se do financiamento resultante desta cimeira?

A lógica da realidade africana nos leva a concluir que, serão os mesmos de sempre. Aqueles que são governantes e ao mesmo tempo empresários.

E os supostos empresários um ou outro se beneficiará. O grosso, que devia ser o principal alvo do financiamento irá ver a carruagem a passar.

Os chineses apesar de todos os constrangimentos continuam a ser os maiores investidores em Angola. Mesmo com a saída de muitos deles, que, por razões óbvias, acabaram por regressar a sua terra natal.

A semana passada estive a falar com o Dr. Francisco Shen, actual vice- presidente da câmara de comércio Angola-China e presidente da câmara de comércio geral de Jiangsu em Angola.

Francisco Shen, chegou em Angola no ano 2000, e, ao longo de mais de 20 anos, construiu uma sólida trajetória no país, que considera ser a sua segunda pátria.
Participou na construção de várias obras de construção civil. Ex: destacar o condomínio Vila Chinesa localizado em Viana, e um polo educacional sob sua égide no Zango 2, com capacidade para 2.000 alunos em diferentes ciclos, do pré-escolar ao ensino médio.

O polo denominado FENDA DA TUNDAVALA

Tem uma infraestrutura moderna que inclui um laboratório de biologia e química, sala de informática, sala de artes, biblioteca, enfermaria, refeitório, uma piscina equipada para aulas de natação, espaços destinados ao ensino de artes marciais, dança e canto, uma vasta quadra multiuso para actividades desportivas, também dispõe de duas salas especiais altamente equipadas com tecnologias de ponta: O Anfiteatro e a Sala Multimídia.

A infraestrutura dispõe também de uma creche e um ATL totalmente equipado para fornecer o maior conforto às crianças que passam boa parte do seu dia na instituição e um consultório para apoio psicológico e psicopedagógico.

Francisco Shen, é doutorado em Língua Portuguesa pela Universidade de Lisboa em Portugal, dedica-se activamente à promoção do intercâmbio cultural Angola-China.
também, tem se dedicado na tradução de leis laborais, fiscais e de migração; tendo conseguido transformar um manual chinês denominado "Manual para o exercício legal das actividades económicas em Angola" que é de elevada importância para comunidade chinesa em Angola.

A instituição que dirige, já formou mais de 100 alunos com mérito em diversos cursos. E a mesma oferece bolsas de estudos interna e externa, interna para os estudantes carenciados, a externa (na República Popular da China), só para os estudantes que forem melhores destados.

Durante a fase da pandemia da COVID-19 Francisco Shen engendrou várias acções de doações, as populações do Município de Viana, Província de Cuando Cubango, tal gesto de caridade proporcionado pelo Francisco Shen mereceu da parte das autoridades do governo angolano um agradecimento profundo.

Estas acções do Francisco Shen incidem sobre o seu contributo em prol do desenvolvimento do País a que ele considera a sua segunda pátria.

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