O MPLA está extremamente assustado e prestes a cometer "atrocidades" e a acabar com todas as liberdades individuais e coletivas as poucas liberdades conquistadas com muito sacrifício.
Na província do Bengo, por exemplo, na agenda do Dia do Deputado, a UNITA
tentou, sem sucesso, realizar uma vigília para homenagear o saudoso, querido e
eterno deputado Raúl Danda. A vigília, que era apenas para honrar um deputado
portanto, filho da pátria terminou em verdadeiro desastre: entre feridos
graves, gás lacrimogéneo e balas de verdade, até os parlamentares foram
obrigados a correr de um lado para o outro para, no mínimo, escapar da morte
por uma bala perdida.
Tudo isso ocorre num momento em que a ditadura parece estar a tomar forma.
O governo, inclusive, usou um tribunal no caso, o Tribunal da Relação de Luanda
para "dissolver" um diálogo nacional que tinha sido organizado pela
Ordem dos Advogados de Angola.
Aliás, tudo isso ocorre num momento em que a sociedade civil prevê realizar
manifestações contra o Projeto de Lei Eleitoral do Executivo do MPLA, que
implementou a "democracia de partido único". O mesmo MPLA, que, mais
uma vez, pretende alterar a Lei Eleitoral e, consequentemente, eliminar a
acta-síntese, acabar com o cartão de eleitor e, finalmente, proibir o
"votou e sentou" cruciais para a fiscalização popular. medidas
Bem, numa altura em que os debates estão proibidos, as manifestações estão
proibidas e até homenagem aos mortos também está proibida, resta-nos apenas
saber se o MPLA quer ou não voltar ao tempo do "partido único" e
assumir, de uma vez por todas, que somos uma ditadura clássica, e não uma
"democracia de partido único" que proíbe até homenagem aos mortos.
Porque o caso de Raúl Danda é apenas a face mais visível de um processo
silencioso, mas implacável, de supressão das liberdades mais básicas expressão,
reunião, associação e até de memória.
O MPLA, outrora movimento libertador, parece agora recear até os mortos,
como se até no silêncio eterno pudessem denunciar os abusos dos vivos.
Não sabem que não se pode construir um país moderno com práticas coloniais.
Não se pode exigir respeito quando se governa com o porrete?
E que não se pode aspirar a ser respeitado internacionalmente enquanto se
perseguem os vivos e se censura os mortos?
Aliás, se o MPLA teme uma simples vela acesa em memória de um filho da
pátria, é porque já não governa com autoridade moral apenas com a força bruta.
E quando a única resposta a uma homenagem é a repressão, então, sim, o país
voltou atrás ea sombra da ditadura já não é apenas uma ameaça: é uma realidade
em construção.
Devíamos assumir ao mundo que somos uma ditadura de "partido
único" e não fingirmos que somos uma democracia de "partido
único" um partido que tem medo até dos mortos.
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