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O Dia do Trabalhador e a “ tala patriotice” da camarada Ministra Luísa Grilho - Hilaria Vianeke

As comemorações do Dia do Trabalhador no nosso país ficam marcadas pelas infelizes declarações da Ministra da Educação, Luísa Grilo. Uma funcionária pública e qualquer pessoa ligada ao sector da educação deveria medir as suas palavras antes de se referir aos cidadãos.

A hipocrisia e a falta de vergonha de muitos dos dirigentes do partido no poder não surpreende ninguém. A Sra. Luisa Grilo, do alto da sua doente militância, declarou sem pestanejar que os angolanos e angolanas na diáspora não fazem falta ao país, ou seja, são inúteis. Será mesmo que os que emigram não fazem falta, a Sra tem a certeza? Quererá dizer a Sra (ministra e mãe) que os filhos que estão fora de casa deixam de ser filhos, mesmo quando são eles que sustentam a casa com o seu trabalho no estrangeiro?

 O governo da Sra. Grilo tem plena consciência da quantidade de dinheiro que muitos angolanos na diáspora enviam, todos os meses, para casa para ajudar a sustentar muitas famílias e a pagar os medicamentos e as consultas. A senhora Grilo, como os demais governantes, quase todos têm casas, mansões e parentes a residir no exterior. Será mesmo que a Sra Ministra Grilo não compreende que é graças à imigração que o país cresce, inova e traz conhecimentos de outros lugares em vários sectores? Ou a Sra está com vontade de aparecer e simular comportamento? 

Por outro lado, é importante lembrar mais uma vez à Sra. Grilo, ao Sr Rui Falcão e ao seu governo as razões da emigração. Sra. Grilo, os jovens estão a sair do país porque o seu governo, em 50 anos de desgoverno, não foi capaz de garantir a igualdade de oportunidades. Os 50 anos foram uma miséria total. Os únicos que vivem bem são os seus filhos, os seus comparsas e os seus bajuladores, porque a classe trabalhadora angolana não tem comida, casa e futuro. Os jovens carregadores, cobradores, arrematadores, as mamãs zungueiras, os vendedores ambulantes, não têm segurança social, quando envelhecerem não terão direito a uma pensão porque não têm oportunidade de regularizar a sua actividade económica.

Sobrevivem graças a essa força e capacidade de luta que nos caracteriza como angolanos. Os angolanos, o zé povinho, vive de Biscate, do bisnu, das mixas, dos kupapatas e sabem porquê? Porque mesmo que tenham uma formação académica, como não são filhos de membros do bureau político, não conseguem emprego com a oportunidade de aportar a caixa da segurança social e garantir assim a reforma, nunca passam em concursos públicos, não são vistos nem acreditados e mesmo quando ousam reclamar, sim reclamar do que não está bem, acabam como Tanaice Neutro, Luther King, Neth Nahara, professor Coronel Bernardo e tantos outros. A Sra. Grilo foi suficientemente cínica para dizer que os jovens devem ficar em Angola. A nossa democracia é de fachada. Todo mundo sabe. Não é segredo para ninguém. Nas autocracias, aqueles que exprimem livremente as suas opiniões são silenciados, razão pela qual, cada vez mais, os jovens preferem dormir debaixo de pontes em países verdadeiramente democráticos do que no seu próprio país.

Nestas celebrações do primeiro de Maio, a reflexão do vosso governo devia ser séria, devia ser sobre o porque é que é que existe um êxodo massivo de angolanos para a diáspora? Angola através do INAGBE, bolsas da Sonangol, Ministério dos petróleos e demais organizações foi formando quadros que agora estão a abandonar o país. O que tem que ser feito para estancar este êxodo? Qual será o impacto deste movimento para aqueles que se estão a formar agora pelas diferentes universidades mundo afora? Como está o mercado de trabalho em Angola? Porque é que ainda não temos um salário mínimo que responda a verdadeira necessidade do trabalho? Porque é que tantos empregos estão a ser destruídos no país? Porque é que muitos jovens não têm a oportunidade de constituir família como deve ser? Que recursos têm? O que lhes espera? Será que com o emprego conseguirão pagar a casa, a roupa, a alimentação, os transportes, todas as despesas com os seus filhos e filhas? Será que os seus filhos terão acesso a uma educação universal, gratuita e de qualidade no seu próprio país? Por favor questionem-se, só assim deixarão de dizer disparates e de ofender a paciência do povo angolano.

Sra. Grilo, também citada como sendo a dona-mor de grandes colégios privados, saiba, por favor, que a classe trabalhadora do sector que a senhora dirige deveria ser a mais digna do país, não somos nada nesta vida sem passar pelas mãos dos professores. Os trabalhadores deveriam merecer o respeito e a dignidade que o seu trabalho exige e as leis salvaguardam.

Infelizmente eles são os mais humilhados e desprezados. A educação, hoje, é a principal mutiladora das mentes. As condições e os salários dos professores e trabalhadores administrativos são miseráveis, como consequência, muitos vão sobrevivendo das mixas e demais ilicitudes. É deplorável e humilhante! Sra Grilho, os senhores são incapazes de tudo, porque estão atarefados a gerir o vosso próprio negócio da educação, as vossas empresas ou as vossas barrigas. Vocês desviam tudo desde o tempo, até as carteiras e os livros para os alunos. As cantinas são quase inexistentes, as casas de banho são imundas ou também inexistentes. Nas vossas casas e nos vossos colégios tem TUDO! O povo sabe e é verdade...O mal não perdurará para sempre!

Neste Primeiro de Maio, exigimos dignidade para a classe trabalhadora, especialmente para os professores e trabalhadores da saúde. Salários dignos, segurança no emprego para todos, principalmente para os trabalhadores do sector da construção civil, e liberdade, a liberdade de cada cidadão procurar melhorar a sua vida, a sua situação onde bem entender, sem ter que ser chamado de fugitivo ou traidor da pátria, porque aqueles que obrigam os verdadeiros filhos da pátria a abandoná-la com uma lágrima no canto do olho serão sempre eles os traidores da pátria. O angolano é obrigado a sair de seu país, com toda a dor e pesar do mundo. Querida Angola, mesmo que nos obriguem a abandonar-te, nunca te renegaremos.
Viva o Dia do Trabalhador.

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