No caso dos jornalistas e órgãos de comunicação social, e Rafael Marques é um jornalista muito ativo nesse quesito, acha que passam agora a trabalhar sob a ameaça constante de prisão com essa pena de até 10 anos?
Rafael Marques: Este é um exemplo de um regime que está em profundo declínio e já não sabe o que fazer para se manter no poder, porque não se mantém no poder pela boa governação, quer dizer, já nem sequer têm os mecanismos de controlo da repressão afinados por conta da corrupção e da própria má governação, que afeta todos os setores. E então, recorre a esta ameaça generalizada de impor o medo, que não vai funcionar na sociedade angolana, primeiro porque não há como.O governo também a ameaça banir a Google, o WhatsApp, o Facebook e todas essas redes sociais através das quais os angolanos se manifestam.
Para os jornalistas, a ameaça já consta de outras leis. Aqui a questão
fundamental é que é preciso combater a desinformação, ninguém está contra isso,
mas um dos mecanismos efetivos para se combater a desinformação em Angola é
garantindo que o público tenha acesso à informação verdadeira e isso começa
pelos órgãos de informação social do Estado, que tem a absoluta maioria dos
jornalistas neste país, tem mais de 6 mil trabalhadores. Temos mais de 3 mil
profissionais de imprensa a trabalharem para o governo. E o que é que fazem?
Propaganda a favor do governo do Presidente Lourenço e do MPLA, o partido no
poder há 50 anos.
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