Ao longo da nossa jornada pela vida, costumamos falar
de várias corridas. A corrida contra o tempo, a corrida pela sobrevivência e,
claro, a corrida das economias. Hoje, é o Kwanza que corre. Parece que a moeda
nacional de Angola se encontra numa maratona sem fim, a tentar alcançar algo
que foge ao seu controlo.
O mês de Julho, deste ano, trouxe-nos um câmbio de
876,055 kwanzas por dólar americano. No mês seguinte, Agosto fechou com 912,350
kwanzas por dólar. À primeira vista, isso pode parecer uma simples variação de
números, mas, na verdade, é um retrato vívido da instabilidade que aflige a
nossa economia. Essa corrida de 4,14% na apreciação do dólar é, ao mesmo tempo,
uma corrida de 3,98% na depreciação do Kwanza. Não é apenas uma troca de
valores, é uma troca de esperanças, de sonhos e, para muitos, de realidades.
Mas, filosoficamente falando, essa oscilação do Kwanza
também nos lembra algo maior: a impermanência das coisas. Assim como a vida, a
economia não é estática. Ela está em constante movimento, moldada por forças
que muitas vezes não conseguimos ver ou entender completamente. Assim como o
Kwanza, nossos desejos, nossos medos e nossas esperanças são susceptíveis às
oscilações do mundo. E, assim como o câmbio corre, nós também corremos atrás de
algo mais valioso, algo mais estável.
Entretanto, essa corrida não é apenas sobre números. A
verdadeira lição filosófica aqui está na compreensão de que, apesar da
instabilidade, é nas flutuações que encontramos oportunidades para crescimento
e aprendizagem. O valor do Kwanza pode estar a diminuir, mas o valor das lições
que tiramos desta situação é incalculável. Afinal, o que é a estabilidade senão
uma ilusão temporária? Se a vida nos ensinou algo, é que nada permanece o mesmo
para sempre – nem os câmbios, nem as situações, nem as pessoas.
Talvez o Kwanza, com sua corrida contra o dólar, seja
um reflexo da nossa própria busca por equilíbrio em um mundo cada vez mais
complexo. E, assim como a moeda, nós também aprendemos a nos adaptar, a
resistir e a encontrar formas de seguir em frente, mesmo quando parece que tudo
ao nosso redor está a desmoronar.
A corrida do Kwanza continua. E a nossa também. Mas,
quem sabe? Talvez a verdadeira vitória não esteja em alcançar o fim da linha,
mas em compreender o que aprendemos ao longo do caminho.
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