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A CORRIDA DO KWANZA: Filosofia de uma Moeda Instável-ANDRÉ KIVUANDINGA

Ao longo da nossa jornada pela vida, costumamos falar de várias corridas. A corrida contra o tempo, a corrida pela sobrevivência e, claro, a corrida das economias. Hoje, é o Kwanza que corre. Parece que a moeda nacional de Angola se encontra numa maratona sem fim, a tentar alcançar algo que foge ao seu controlo.

O mês de Julho, deste ano, trouxe-nos um câmbio de 876,055 kwanzas por dólar americano. No mês seguinte, Agosto fechou com 912,350 kwanzas por dólar. À primeira vista, isso pode parecer uma simples variação de números, mas, na verdade, é um retrato vívido da instabilidade que aflige a nossa economia. Essa corrida de 4,14% na apreciação do dólar é, ao mesmo tempo, uma corrida de 3,98% na depreciação do Kwanza. Não é apenas uma troca de valores, é uma troca de esperanças, de sonhos e, para muitos, de realidades.

O que representa essa depreciação do Kwanza? Para o cidadão comum, que luta dia após dia para sobreviver, é o aumento do custo de vida, é a incerteza sobre o que o amanhã trará. A moeda, que deveria ser uma representação tangível da confiança na economia, tornou-se o símbolo da sua fragilidade.

Mas, filosoficamente falando, essa oscilação do Kwanza também nos lembra algo maior: a impermanência das coisas. Assim como a vida, a economia não é estática. Ela está em constante movimento, moldada por forças que muitas vezes não conseguimos ver ou entender completamente. Assim como o Kwanza, nossos desejos, nossos medos e nossas esperanças são susceptíveis às oscilações do mundo. E, assim como o câmbio corre, nós também corremos atrás de algo mais valioso, algo mais estável.

Entretanto, essa corrida não é apenas sobre números. A verdadeira lição filosófica aqui está na compreensão de que, apesar da instabilidade, é nas flutuações que encontramos oportunidades para crescimento e aprendizagem. O valor do Kwanza pode estar a diminuir, mas o valor das lições que tiramos desta situação é incalculável. Afinal, o que é a estabilidade senão uma ilusão temporária? Se a vida nos ensinou algo, é que nada permanece o mesmo para sempre – nem os câmbios, nem as situações, nem as pessoas.

Talvez o Kwanza, com sua corrida contra o dólar, seja um reflexo da nossa própria busca por equilíbrio em um mundo cada vez mais complexo. E, assim como a moeda, nós também aprendemos a nos adaptar, a resistir e a encontrar formas de seguir em frente, mesmo quando parece que tudo ao nosso redor está a  desmoronar.

A corrida do Kwanza continua. E a nossa também. Mas, quem sabe? Talvez a verdadeira vitória não esteja em alcançar o fim da linha, mas em compreender o que aprendemos ao longo do caminho.


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