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Mercado do Kapolo II - Luís Cunha

 Em Luanda parece que os mercados e os Administradores têm uma forte ligação ao ponto de alguns destes disputarem entre si sobre a gestão de mercados. Quase todos os Administradores de Luanda têm como projecto no seu município a construção ou autorização de um mercado. Infelizmente todos eles não têm noção e não refletem os riscos do ponto de vista de gestão e ordenamento do território que daí advém quando escolhem o espaço para implementar os seus projectos pensando unicamente no populismo e na fonte de rendimento para si.

A febre que já chegou há muitos municípios agora chegou no no KM 9, bairro Capolo II, onde um proprietário de um terreno localizado numa zona residencial contíguo a residências e escolas do ensino primário resolveu criar um mercado no seu espaço com a autorização da Administração do Kilamba Kiaxi sem esta refletir no impacto que esta acção terá na gestão do território e na vida dos moradores.

Os moradores temendo a confusão no bairro considerado calmo e pacato, resolveram fazer um abaixo-assinado, mas a Administração ao invés de decidir como gestor dentro das normas urbanísticas, resolveu igual Pilatos lavar as mão convocando pessoas ávidas por fazer daquele espaço um mercado para decidir em público permitindo-lhes assim lavar as mãos que nem pilatos fazendo com que a voz do povo seja a voz da razão cega realizando assim o sonho de mais uma fonte dos seus interesses. Decisões tão importantes como estas não cabem ao povo, mas sim àqueles que têm a responsabilidade de fazer a melhor gestão dos espaços com base nas ferramentas de gestão Urbana, ouvindo quando muito os parceiros eleitos pelos moradores.

Os mercados existem desde o templo colonial, mas ao contrário de hoje naquele período a população era menor e os mecanismos de fiscalização eram melhores e os gestores públicos sabiam garantir que os devidos afastamentos da construção dos mercados das zonas residenciais e isso era visível no mercado dos congolenses, bairro popular, São Paulo, e Kinaxixi que mesmo estando próximo de zonas residenciais não tinham casas nem escolas contíguos a sí. Era acautelado o impacto ambiental que advém da venda em mercados, pequenos na dimensão, problemas como o aumento de circulação de pessoas estranhas ao bairro, aumento de assaltos, lixo, barulho, veículos pesados, casas de processo não eram vistos.

As zonas residenciais devem cingir-se á maioritariamente a mobilidade dos seus moradores para a segurança destes, quando existir circulação de muitas pessoas estranhas ao bairro e atividades que congreguem muitas pessoas, assim como no Roque Santeiro, praça da madeira na Gamek, ou do Catinton estas deixam de ser seguras e aumenta o caos urbanos em escalas que depois de anos saem do controle das Administrações e instituições do estado obrigando a encerra-las como encerrou-se o Roque santeiro.

O bairro Capolo II já tem um mercado a menos de um quilômetro do terreno onde se quer criar um novo, não se percebe o porquê da administração autorizar mais no mesmo bairro tão próximo. Pela dimensão deste espaço murado com uma saída e uma entrada não há garantias de segurança para as mais de trinta mil pessoas que aí poderão afluir bem como para as casas e escolas ligadas por um muro de vedação a este espaço. Pela forma como temos visto os mercados crescerem desvirtuaram bairros e a incapacidade de as Administrações colocarem ordem, surge a perplexidade dos moradores na decisão da Administração em autorizar.

Era de esperar que a Administração se preocupasse com os grandes problemas que bairro enfrenta tais como a falta de água, escolas, dificuldade na recolha de lixo, inexistência de iluminação pública, as enchentes das ruas em épocas de chuva, ou em concluir uma estrada que iniciaram há mais de 10 anos e até hoje não passou da intenção e desta só ficou o buraco ao invés disto a Administração traz consigo e nas suas decisões mais problemas para os moradores que resolveram fazer do Capolo II o seu lar.

 

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