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Enterrar os mortos na doutrina católica - Domingos das Neves

A morte é uma realidade misteriosa comum a todo o ser humano - cristão ou não - pois interrompe de modo definitivo o ciclo da existência terrena do ser vivente. Mas para os cristãos, com o evento da ressurreição de Cristo, a morte passou a ter uma dimensão da esperança de uma vida nova.

A morte deixou de ser o evento da interrupção definitiva da vida para se transformar numa passagem necessária para a ‘Jerusalém Celeste’! Aliás, foi o próprio Cristo quem no-lo disse: “Eu sou a ressurreição e a vida, todo aquele que crê em Mim viverá” (João 11,25).

O Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, enquanto cristão baptizado, acreditou fielmente nessas palavras de Cristo; enquanto sacerdote celebrou vezes amiúde o memorial da morte e ressurreição de Cristo, memorial que renova a esperança da vida nova em Cristo.

Enquanto Pastor, confirmou vezes sem conta, nas comunidades cristãs por onde passou, essa dimensão do mistério da morte e ressurreição em Cristo: “…aquele que crê em Mim, ainda que morra, viverá” (João 11:25).

Como Cardeal, no ritual da sua criação, prestou o seguinte juramento - como aliás fazem todos os cardeais: “Eu, Alexandre do Nascimento, Cardeal da Santa Igreja de Roma, prometo e juro ser fiel, desde agora e para sempre, enquanto viva para Cristo e seu Evangelho, sendo constantemente obediente à Santa Igreja Apostólica Romana, ao Bem-aventurado Pedro na pessoa do Sumo Pontífice e de seus sucessores canonicamente eleitos; manter sempre com palavras e obras a comunhão com a Igreja Católica; não revelar a ninguém o que se confie em segredo, nem divulgar aquilo que poderá acarretar dano ou desonra à Santa Igreja; desempenhar com grande diligência e fidelidade as tarefas para as quais estou chamado no meu serviço à Igreja, segundo as normas do Direito. E que assim, me ajude Deus omnipotente.”

Esse ritual de juramento, resume, enfim, o propósito da criação de um Cardeal, que obedece a um único e inequívoco modelo, que é Cristo! Portanto, o acto de sepultamento de um Cardeal, tal qual o nosso, é parte do dever piedoso do cristão, também porque encerra em si, nesse último estágio, a fidelidade nas promessas baptismais do cristão que é encomendado à misericórdia de Deus.

De facto, naquele acto de sepultamento do Senhor Cardeal, fez-se a profissão de fé pela última vez, como garantia e confirmação de que o defunto acreditou, até à sua morte, em Deus Pai, Filho e Espírito Santo, na concepção de Maria sem pecado, na comunhão dos santos, na Santa Igreja Católica, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna.

A peculiaridade do sepultamento do Senhor Cardeal acontecer na Igreja Catedral, não há nada de excepcional, até porque o Direito Canónico prevê que lá onde isso seja possível, o bispo deve ser sepultado naquela que foi a sua catedral.

No caso em espécie, (talvez!) tenha sido até sua vontade, expressa em testamento. Mas, em Angola, não é o primeiro bispo católico a ser sepultado numa catedral. Temos o exemplo mais próximo o do Senhor Dom Francisco de Mata Mourisca, bispo emérito do Uíge, falecido em Março de 2023, com a veneranda idade de 95 anos! Dai-lhe Senhor o prémio reservado aos Seus justos!

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