Após três dias de manifestações, trabalhadores da Empresa Fabril de Calçados e Uniformes (EFCU-EP), vinculada ao Ministério da Defesa, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, anunciaram que levarão os seus filhos ao local de trabalho para continuar o protesto contra os atrasos salariais que se acumulam desde março de 2024. Os trabalhadores, que se encontram em situação de extrema miséria, exigem uma resposta do governo.
Localizada no Distrito Urbano 11 de Novembro, no município do Cazenga, em
Luanda, a EFCU-EP é responsável pela produção de calçados e uniformes para as
Forças Armadas Angolanas (FAA). Os manifestantes relataram que, além da falta
de salários, enfrentam problemas como a ausência de seguro de saúde, subsídios
de transporte e férias, e a falta de equipamentos de proteção adequados para o
manuseio de produtos químicos.
Os trabalhadores afirmam que começaram a se manifestar no dia 9 de outubro, coincidentemente com o 33º aniversário das FAA, para chamar a atenção do Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço. Eles expressam preocupação com a situação econômica da empresa, que, segundo informações divulgadas, tem 6,4 bilhões de kwanzas em capitais próprios, enquanto outras empresas públicas enfrentam falência técnica.
“Estamos a ser injustiçados e abandonados. Mais de 1.500 trabalhadores estão em
uma situação desesperadora, com muitos filhos fora do sistema de ensino”, disseram
os manifestantes, que também apontaram um aumento nos casos de prostituição
devido à precariedade financeira das famílias.
Os trabalhadores relataram ainda que ao consultarem o Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), encontraram irregularidades nas contribuições, com muitos tendo apenas um mês registrado, apesar de anos de trabalho e descontos mensais.
A situação se agravou após incidentes de desmaios atribuídos à intoxicação
por produtos químicos, que levaram à suspensão das atividades por nove dias em
outubro de 2023. Os manifestantes reclamam que não houve esclarecimento sobre
as causas dos desmaios e que, apesar de continuarem a produzir para as FAA, não
conseguem receber seus salários.
Os trabalhadores estão determinados a intensificar a manifestação,
planejando solicitar uma audiência com o governador provincial e reivindicando
maior compromisso do sindicato SGCILA, do qual são afiliados. Eles pedem que
mais órgãos de comunicação compareçam ao protesto para relatar a situação, que
consideram alarmante e sem precedentes.


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