O Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, após negar a proposta de cessar-fogo aceite pelo Hamas, na segunda-feira, para acabar com a guerra em Gaza, ordenou a entrada do Exército em Rafah, tomando a cidade fronteiriça com o Egipto, ignorando os apelos da comunidade internacional.
Enquanto prosseguem as operações militares, as partes não anunciaram a suspensão das conversações no Cairo. No entanto as Nações Unidas anunciou, ontem, que o Exército israelita negou o acesso a Rafah, a principal porta de entrada da ajuda humanitária no território palestiniano.
"Centenas de camiões carregados de combustÃvel e de ajuda humanitária estão bloqueados” no Egito, na sequência do encerramento das passagens de Rafah e Kerem Shalom, segundo fontes egÃpcias.
O alto representante da União Europeia (UE) para
Assuntos Externos e Segurança, Josep Borrell, alertou que a ofensiva provocará
uma crise humanitária "ainda maior” do que a que Gaza já sofre.
"Certamente a situação é muito preocupante. Não posso antecipar as perdas
humanitárias que isto vai originar”, alertou Borrell, ontem, perante a
imprensa, Ã chegada a um Conselho de Ministros europeu do Desenvolvimento.
Os Governos da Jordânia e da Turquia condenaram a
tomada de Rafah. Numa mensagem publicada na conta pessoal na rede social X, o
ministro dos Negócios Estrangeiros da Jordânia, Ayman Safadi, exigiu,
paralelamente, que o Conselho de Segurança da ONU "intervenha imediata e
firmemente”.
O Vice-Presidente da Turquia, Cevdet Yilmaz, juntou a
sua voz à s crÃticas, afirmando que tomar o controlo do lado palestiniano da
passagem de Rafah é "acrescentar mais um crime de guerra” aos cometidos no
âmbito da ofensiva lançada contra a Faixa de Gaza.
"Ao realizar um ataque terrestre a Rafah, um dia
depois do Hamas ter aceitado a proposta de cessar-fogo do Qatar e do Egipto,
Israel está a acrescentar mais um crime de guerra aos já cometidos nos
territórios palestinianos desde 7 de Outubro”, afirmou Yilmaz numa mensagem na
rede social X.
O Exército israelita assumiu o controlo de Rafah do
lado palestiniano da passagem de fronteira com o Egipto, sete meses após o
inÃcio da guerra contra o Hamas em Gaza.
Os bombardeamentos nocturnos na cidade causaram a
morte de pelo menos 27 pessoas, segundo dois hospitais de Rafah citados pela
AFP. Israel divulgou imagens de tanques com a sua bandeira e alegou estar a
levar a cabo uma operação anti-terrorista em "áreas especÃficas” do leste
da cidade.
Na véspera, o exército israelita tinha apelado para a
retirada de dezenas de milhares de famÃlias do leste da cidade, onde vivem 1,4
milhões de palestinianos, segundo a ONU. A medida foi vista como uma
antecipação de uma ofensiva terrestre que o Primeiro-Ministro israelita,
Benjamin Netanyahu, prometeu lançar para eliminar os últimos batalhões do
Hamas.
As forças israelitas confirmara, em comunicado, que
quatro morteiros atingiram a zona de Kerem Shalom sem causar feridos ou danos,
cita a agência francesa AFP. O braço armado do Hamas, as Brigadas al-Qassam,
anunciou antes que tinha disparado foguetes contra as tropas israelitas junto Ã
passagem de Kerem Shalom.
A ofensiva militar israelita na Faixa de Gaza provocou
cerca de 34.800 mortos, de acordo com o Hamas, que controla o território desde
2007.
EUA suspende envio de munições
O Governo de Israel está a tentar entender porque os
Estados Unidos suspenderam, pela primeira vez, desde o inÃcio do conflito em
Gaza, o fornecimento de munições, segundo o portal Axios, que cita duas fontes
autoridades israelitas sob anonimato.
"Autoridades israelitas disseram que o
fornecimento de munições a Israel foi interrompido na semana passada”, informou
o portal, citado pela imprensa brasileira. Segundo a publicação, a decisão
despertou sérias preocupações dentro do Governo liderado por Benjamin Netanyahu,
e autoridades estão a tentar entender por que o carregamento foi retido. O
artigo lembra que o Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden,
enfrenta, internamente, duras crÃticas por conta do apoio a Israel na ofensiva
na Faixa de Gaza. Em Fevereiro, Washington pediu a Telavive garantias de que as
armas fornecidas pelos EUA seriam utilizadas no enclave em consonância com as
leis de direito internacional. Em Março, Israel enviou uma carta de garantias
ao Governo norte-americano.
O texto também enfatiza que a gestão Biden está
"altamente preocupada” com os planos de Netanyahu para lançar uma ofensiva
contra a cidade de Rafah, no Sul de Gaza, onde se encontram abrigados pelo
menos 1,4 milhão de palestinos deslocados pela ofensiva.
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