Durante a campanha eleitoral do primeiro pleito em Angola, Joaquim Marques era um dos rostos da mobilização do MPLA. Imagens o mostram empunhando megafones e inflamado em discursos políticos, ativismo que ele manteve até o ano de 1998.
Entretanto, em 2000, a sua vida tomou um rumo inesperado. Teve que ser evacuado para a África do Sul, onde foi submetido a uma delicada cirurgia nas cordas vocais. Os médicos diagnosticaram um câncer, resultado do seu árduo ativismo político de gritas muito, e removeram uma das cordas vocais.
Regressando a Angola, a saúde de Marques piorou consideravelmente. Buscando apoio do partido ao qual se dedicou com fervor, ele se deparou com uma realidade cruel. Marques relata que após ter escrito uma carta para a vice-presidente do partido solicitando apoio devido à sua condição de saúde precária, a carta foi encaminhada para o secretário-geral e posteriormente para o departamento de apoio financeiro (DAF). No entanto, ao buscar suporte, foi confrontado com a recusa de ajuda, sob a justificativa de que o MPLA não apoia membros da UNITA.
A alegada insinuação de que é da UNITA, é por ter nascido na província do Bié.
"Fui o jovem que a UNITA queria matar em 92 no Bié por ser o grande ativista e mobilizador de massas do MPLA", afirma Marques, com orgulho da sua história de luta. Marques relembra a participação na campanha das primeiras eleições de Cabinda ao Cunene com o Presidente José Eduardo dos Santos, e destaca a sua atuação como guia base da OPA e membro da JMPLA desde 1984.
Marques se sente injustiçado e traído pelo MPLA. "Nunca recebi nada do
partido", lamenta ele, "nem no Bié nem em Luanda, nunca, só elogios
por bocas" ressaltando que a única figura que lhe ofereceu apoio
incondicional foi o camarada secretário Ju Martins, a quem ele se sente
profundamente grato.
As frustrações de Marques se intensificam com as acusações falsas de simpatia pela UNITA. "É mentira", ele reitera com veemência, "sempre fui um militante dedicado ao MPLA". O mesmo questiona a razão por trás da recusa de seu pedido de apoio, mesmo com a aprovação inicial da vice-presidente do partido, levantando a suspeita de um possível conluio entre membros do MPLA.
"Tenho um livro de um escritor que narra a guerra do Bié e fala de mim", revela Marques, buscando comprovar sua importância e reconhecimento no partido.
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