A ala angolana da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) manifesta-se inconformada com o reconhecimento pelo governo da rival brasileira. Valente Bizerra Luís acusa a ala de Alberto Segunda de alegadamente não ter cumprido o acordo que visava a reconciliação e de ter “forçado” a realização de uma assembleia geral que afirma ter sido ilegal. O bispo Edir Macedo prometeu dar 22 milhões de dólares ao ministro da Cultura e Turismo, o luso-angolano Filipe Zau, como recompensa, caso conseguisse restaurar a liderança da IURD à ala brasileira representada pelo seu discípulo em Angola, o angolano Alberto Segunda, que com ajuda de alguma classe politica do MPLA. O dinheiro está domiciliado em dois bancos comerciais angolanos BFA e Millenium Atlântico
A redacção
A direcção angolana da Igreja Universal do Reino de Deus (IURDAngola), liderada pelo bispo Valente Bezerra Luís, vai interpor recurso gracioso ao Presidente da República, João Lourenço, para decidir sobre o desfecho da crise de liderança desta congregação. A decisão foi tomada depois de um encontro entre a direcção desta igreja e o director do Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos (INAR), reverendo Adilson de Almeida, decorrido na segunda-feira, 16, em Luanda, que serviu para apresentar um protesto contra o reconhecimento da direcção da ala brasileira da IURD, liderada pelo bispo Alberto Segunda conforme o Decreto Executivo n° 74/ 24, de 14 de Março, publicado em Diário da República.
Na reunião, segundo fonte deste portal, o director do INAR confrontado coma situação, reconfirmou que o bispo Valente Bezerra Luís é o único representante legal desta igreja, reconhecida há 34 anos, segundo o Decreto Executivo n° 31/B/ 92, de 17 de Julho de 1992.
Bizerra acusou a ala de Alberto Segunda de alegadamente não
ter cumprido o acordo que visava a reconciliação e de ter “forçado” a
realização de uma assembleia geral que afirma ter sido ilegal. O decreto
executivo nº74/24 de 14 de março do Ministério da Cultura e Turismo angolano
confirmou as alterações saídas da reunião extraordinária do conselho de direção
da IURD Angola, realizada em 08 de fevereiro de 2024. Com base no diploma
legal, o Governo reconheceu as alterações relativas à nova denominação,
logótipos, símbolos, estatutos e regulamentos internos, passando a confissão
religiosa .
O decreto, assinado pelo ministro Filipe Zau, determina ainda que os direitos, obrigações e os processos sob gestão da IURD transitam para a IRDA, conforme definido no estatuto aprovado na reunião de fevereiro passado.
O conflito interno na IURD remonta ao ano de 2019, altura em
que um grupo de fiéis dissidentes em Angola acusaram a direção brasileira de
crimes financeiros, racismo, discriminação e abuso de autoridade e obrigação da
vasectomia. Os desentendimentos internos deram origem a duas alas, sendo uma de
origem brasileira, liderada agora pelo angolano Alberto Segunda e outra de
origem angolana, dirigida por Valente Bizerra Luís que reclamavam ser as legítimas
representantes da igreja fundada por Edir Macedo.
Em 2019, quando a Igreja Universal do Reino de Deus em Angola
entrou em crise de liderança, devido à dissidência de alguns pastores que
recusaram a remoção dos seus cargos, depois de várias rondas de negociações
entre as duas alas, em Maio de 2021, o próprio Ministério da Cultura, através
do INAR, reconheceu o bispo Valente Luís como o líder espiritual da Igreja
Universal, tendo-lhe atribuído uma Declaração de Idoneidade, cujo documento o habilitava
a dirigir a congregação em Angola, controlar todo o seu património e único
interlocutor válido junto das autoridades angolanas.
Este documento foi assinado pelo então director do INAR,
reverendo- pastor Francisco Castro Maria, falecido recentemente, por doença, na
África do Sul, com anuência do próprio titular da pasta, Filipe Zau, segundo
fonte do INAR. A Declaração de Idoneidade tinha a validade de um ano, quando o
bispo Valente Luís foi para renova-la, viu o seu pedido rejeitado, sem quaisquer
explicações aplausíveis. Entretanto, segundo investigação feita por este portal,
o INAR tinha recebido orientações expressas do ministro da Cultura para que não
fosse renovada a Declaração, em obediência a uma suposta ordem de figuras
influentes do Comité Provincial do MPLA de Luanda, que pretendiam remover do
cargo Luís Valente a favor de Alberto Segunda.
Os milhões de dólares de Macedo
A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), do bispo Edir
Macedo, é suspeita de lavar ao mais 120 milhões de dólares durante as suas
actividades em Angola. As suspeitas de irregularidades na operação angolana da
Universal não são novas. Surgiram há anos e ganharam força com a retirada de
vistos religiosos de pastores brasileiros, além do cancelamento do sinal da
RecordTV local no decorrer de 2021.
Segundo as denúncias, 30 milhões de dólares das igrejas
locais eram levados a cada três meses para a sede da RecordTV, onde o
ex-diretor da emissora, Fernando Henriques Teixeira, se encarregava de ocultar
o montante em carros que seguiriam até à África do Sul. De lá, partiria de
avião para Portugal, muitas vezes no jato particular do próprio Edir Macedo.
O bispo Edir Macedo prometeu dar 22 milhões de dólares ao ministro da Cultura e Turismo, o luso-angolano Filipe Zau, como recompensa, caso conseguisse restaurar a liderança da IURD à ala brasileira representada pelo seu discípulo em Angola, o angolano Alberto Segunda, que com ajuda de alguma classe politica do MPLA.
O dinheiro está domiciliado em dois bancos comerciais
angolanos BFA e Millenium Atlântico, com a decisão a publicação em Diário da
República o reconhecimento da nova liderança da IURD, provavelmente o dinheiro
já estará na conta do ministro em Angola ou em Portugal, sua segunda pátria,
cuja nacionalidade adquiriu-a em 1975.
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