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A nomeação de Manuel Homem para o cargo de Ministro do Interior: André Kivuandinga

Entre a formação profissional do titular e a natureza da pasta, especialmente em um momento em que Angola enfrenta desafios sérios na área da segurança e integridade dos seus órgãos de defesa. Esse questionamento, embora comum em situações de alta expectativa pública, revela também a complexidade da escolha para cargos ministeriais, onde critérios como confiança, experiência em gestão e alinhamento político muitas vezes prevalecem sobre a formação técnica específica.

Em muitos países, Angola incluída, o Ministro do Interior não precisa necessariamente ter experiência nas forças de segurança para ser considerado apto para a função. Os cargos ministeriais são predominantemente políticos e, por isso, cabem ao presidente ou ao chefe do Governo nomear pessoas de sua confiança e que possuam habilidades gerenciais e políticas adequadas.

A escolha de um "civil" como Manuel Homem para o Ministério do Interior, nesse sentido, não é uma excepção à regra, mas reflecte uma abordagem comum em governos de todo o mundo.

No contexto angolano, onde o sistema de segurança tem sido desafiado por questões internas – incluindo relatos de envolvimento de policiais em actividades ilícitas, como o tráfico de combustíveis e outros crimes –, alguns podem argumentar que a escolha de um nome com histórico nas forças de segurança poderia trazer uma percepção de maior firmeza na resposta a esses problemas.

É verdade que a presença de alguém familiarizado com as operações de campo e com a "trungunquice" quontidiana poderia sinalizar, simbolicamente, um comprometimento directo com a reforma e o rigor na aplicação das normas dentro das próprias forças de segurança.

No entanto, a nomeação de Manuel Homem também pode representar um enfoque estratégico diferente, talvez voltado à gestão e reorganização institucional mais do que à actuação operacional directa. A experiência de Homem em cargos de gestão, mesmo fora do sector de segurança, pode ser vista como uma escolha por alguém que é reconhecido por seu histórico de trabalho e que poderia, assim, trazer uma abordagem nova para lidar com problemas estruturais.

Sua actuação anterior em Luanda, embora em um sector diferente, é percebida como relativamente positiva e, por isso, ele pode ser encarado como alguém capaz de administrar desafios em um Ministério marcado por complexidades e demandas urgentes.

Dentre as alternativas que o Governo angolano poderia considerar, existem jovens quadros dentro da própria corporação, como Aristófanes dos Santos, Delfim Kalulu, Froz Adão Manuel, Gil Famoso, Divaldo Martins, Jorge Bengui, Waldemar José, Elisabeth Rank Frank, Manuel Chima, e outros, que têm reputação e competência para trazer uma visão renovada aos órgãos de segurança. Muitos desses nomes já demonstraram capacidade em posições de liderança e talvez estivessem bem posicionados para iniciar reformas e fortalecer a dignidade da corporação. Porém, a preferência recaiu sobre um "civil", indicando uma possível tentativa do Governo (Presidente da República) de trazer uma perspectiva mais abrangente, ou, quem sabe, reforçar a confiança em alguém com quem já há uma boa relação de trabalho.

O sucesso de Manuel Homem dependerá, não só de sua capacidade de gerir o Ministério do Interior em um cenário adverso, mas também do apoio e acompanhamento que ele receberá, tanto do Presidente da República, quanto dos comissários experientes. Este suporte é essencial para que ele possa navegar por um Ministério permeado de questões sensíveis e implementar uma gestão que atenda às expectativas da sociedade e dos efectivos.

 

 

 

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