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DISCURSO 13 DE MARÇO DE 2024 – 58º ANIVERSÁRIO DA FUNDAÇÃO DA UNITA

 Permitam-me que saúde efusivamente todos os presentes, particularmente as mulheres neste mês de Março que lhes é merecidamente dedicado; Os Conjurados sobrevivos do 13 de Março de 1966; Os familiares de companheiros vítimas do nosso percurso histórico, também aqui presentes;

Aos Jovens, a força que tem a obrigação de conquistar um futuro melhor e mais justo que o presente! Aos trabalhadores do nosso país (mulheres e homens) para que não se desesperem e persistam na luta pela vossa dignidade e por uma pátria mais digna, mais justa e contra o espezinhar constante dos vossos direitos.

Aos Angolanos de todas as crenças religiosas, das mais diversas condições sociais, aos policias e militares e aos funcionários públicos cuja luta audível neste mês de Março visa apenas a obtenção de um salário justo e digno! Contem todos com a nossa solidariedade indefectível.

A todos vocês que se dignaram participar neste grandioso encontro para o re- memorizar da nossa história, os nossos agradecimentos. O dia 13 de Março calhou este ano numa quarta feira, um dia de trabalho, razão pela qual as comemorações foram transferidas para o dia de hoje.

Ao comemoramos o 13 de Março vem-nos a memória o punhado de valorosos nacionalistas, os Conjurados de 13 de Março, que inspirados e liderados pelo DR. Jonas Malheiro Savimbi, naquele primeiro Congresso da UNITA em 1966, lançaram os fundamentos da primeira força de guerrilhas em toda África Central e Austral a situar a sua liderança e estruturas no interior do país , junto do povo; característica que diferenciou a UNITA  dos restantes movimentos de libertação contra o colonialismo em Angola.

Lançada a semente em Muangai, a trajectória da UNITA nunca foi fácil. Vilipendiada pela calúnia e pela intriga a UNITA agigantou-se e no dia do reencontro com a verdade, esteve em Alvor em 1975, ao lado da FNLA e do MPLA, para assinar os Acordos de ALVOR que viabilizaram a saída das forças portuguesas de Angola e a Independência Nacional do nosso país.

Viemos, hoje 58 anos depois, celebrar o 13 de Março, data do nosso surgimento como movimento nacional para a emancipação dos angolanos, que sobreviveu a todas as tentativas da sua decapitação, da sua destruição, da sua subalternização e extinção.

Por isso mesmo, faz sentido que reconciliados pela história evoquemos aqui a coragem, o fervor e a abnegação de todos os que seguindo os ideais de Jonas Savimbi permitiram com a mutação dos tempos e o seu rejuvenescimento, que a UNITA seja hoje esta vossa organização que se constituiu num instrumento dos Angolanos para a mudança e para a democratização de Angola.

Hoje, 58 anos depois, parte da missão está por ser cumprida, companheiros! Temos um regime de partido único para reformar, uma democracia representativa imperfeita que enferma de vários vícios e continua refém da corrupção, do compadrio e da sujeição ao Estado Partidário. Há que aperfeiçoa-la alertando para o diálogo entre desiguais, alertando e denunciando a corrupção e a privatização do que a todos pertence, rogar aos juízes para que ouçam o clamor por uma justiça não subserviente aos outros poderes, que seja ela própria, tal como a lei o prevê, livre de qualquer suspeita. Uma justiça atolada de suspeitas nos jornais e nas redes sociais que nem sequer se investigam são o principal fermento para o desencorajamento do investimento estrangeiro de que carecemos para criar postos de trabalho para os jovens, aumentar as receitas dos impostos, e limitar as importações de bens que podemos produzir.

Temos que pugnar por eleições credíveis e aceitáveis por todos; instituindo um Tribunal Eleitoral Independente, instituindo normas que permitam comparar as actas que a Administração Eleitoral processou e as que estiverem na posse dos concorrentes.

Temos que reerguer a  economia destroçada e fazê-la  ancorar na livre iniciativa das empresas, dos cidadãos e na potenciação das famílias como factor de desenvolvimento da zona rural para que o país consoma mais o que produz e poupe divisas com a não importação do milho e da mandioca, do óleo alimentar, do  feijão, do arroz,  da fruta fresca e de demais produtos que provenientes do campo servem de matérias primas para a indústria transformadora que cria empregos , paga impostos e ajuda a desenvolver o país.

Em Março de 1966 em Muangai a UNITA trouxe a lume um catálogo de princípios que continuam válidos, SENDO: Liberdade e Independência Total para os Homens e para a Pátria Mãe;  Democracia assegurada pelo Voto do povo através de vários Partidos políticos; Soberania expressa e impregnada na vontade do povo de ter amigos e aliados, primando sempre os interesses dos angolanos;

. Igualdade de todos os angolanos na Pátria do seu nascimento;

. Na busca de soluções económicas, priorizar o campo para beneficiar a cidade.

Quem investe no campo cria capacidades de fixar no campo jovens e outros que de outro modo emigrariam para a cidade, aumentando assim a pressão sobre as instituições de assistência social, tornando insuportável o número de desempregados nas ruas e contribuir para a ingovernabilidade de alguns bairros informais. A cidade beneficia e muito com o investimento no campo, que os outros confundem com o financiamento às fazendas de uma dúzia de poderosos, que não evita o sobre povoamento urbano e suas consequências.

Investir no campo é criar, nas zonas rurais e nas vilas, condições para que os jovens, formados ou não, localmente possam ter emprego como trabalhadores por conta própria, ou de terceiros. Para isso tem que se ter em conta, em primeiro lugar, as famílias que são mais de 2.000.000, com mais de 10.000.000 de subordinados diretos, ligadas à agricultura e criação de animais. À estas famílias o estado deve por via de instituições sérias, auditáveis e com a acção fiscalizada no terreno, fazer chegar apoios, conhecimento, formação e créditos em forma de sementes, adubos e tecnologia barata de cultivo da terra, gera muito para as micro iniciativas piscícolas e de produção e processamento do mel e da cera de abelha, produção cujo fomento não se houve desde a Independência.

É verdade que se temos um governo que faz estradas descartáveis, emagrecidas pelo habito das comissões, a ligação entre o campo e a cidade não se faz. Para haver ligação digna entre o campo e a cidade, este governo tem que mudar para vir outro comprometido com a construção de uma Nação para todos os Povos De Angola e que perdure no tempo.

Por isso é que a UNITA apresentou já o seu Projecto de Lei das Autarquias para ser debatido por todos, sociedade civil, homens de opinião na sociedade, empresários, membros e não membros da UNITA, estudantes, trabalhadores, etc, para que nos façam chegar os seus contributos as suas criticas até 04 de Abril próximo. Tem que haver debate nos municípios nas comunas e regedorias. Em alguns locais estarão os deputados da Frente Unida para animar o debate.

Contribuam todos com as vossas opiniões para aperfeiçoarmos o projecto lei que é de todos e preparemo-nos para o lançamento de uma FRENTE NACIONAL PARA AS AUTARQUIAS cuja criação foi aprovada no nosso último Congresso.

Como candidatos Autárquicos a FPU vai apoiar os que aos olhos dos residentes se revelem mais susceptíveis a realizar a vontade dos residentes locais, podendo ser militantes ou não, importando que sejam cidadãos que o povo acha que estão do seu lado, na resolução e interpretação dos problemas e soluções na localidade.

Também estamos aqui para reiterar a nossa petição para a Reconciliação e perdão genuínos no nosso país.

Os melhores filhos desta nossa Angola abraçaram com convicção e heroísmo a luta pela Independência Nacional, pela Liberdade, pela Democracia, por um Estado Democrático e de Direito, pela Dignidade de todos e de cada um dos filhos deste belo País.

Apesar do decurso de inúmeras décadas que nos separam da génese independencia, da formação dos movimentos de libertação, das décadas que nos separam da data em que alcançamos a Independência Nacional da colonização portuguesa...; apesar de caminharmos a passo acelerado para o centenário da formação dos movimentos de libertação e do início da luta armada, o nosso país ainda está muito distante da liberdade sonhada, da vida em dignidade para todos e para cada um, da democracia e do direito ao tratamento igual, ao usufruto das inúmeras riquezas deste país!

No próximo ano Angola celebrará  50 Anos de Independência, com um balanço muito longe do sonho dos  percursores  do nacionalismo angolano.

Entretanto muitos dos melhores filhos perderam as suas vidas nesta longa caminhada. Muitos deles não foram vítimas da luta contra o colonialismo português! Muitas as vítimas de lutas fraticidas entre os movimentos de libertação! Muitos os massacres ocorridos neste nosso país! Muitas as vítimas internas aos nossos próprios movimentos, sacrificando companheiros e camaradas, vítimas de incompreensões, de desconfianças, e de intrigas! São muitas as dores e muito grande o sofrimento que prevalece no seio de imensas famílias.

Angola testemunhou a criação da CIVICOP, de que fizemos parte. Procuramos o perdão genuíno e o abraço entre filhos da mesma Pátria, uma verdadeira Reconciliação Nacional, e o ambiente de sã convivência são as condições fundamentais para a edificação e consolidação de um Estado Democrático e de Direito, um Estado desenvolvido.

A Pátria Mãe que todos sonhamos, não será uma realidade se não formos capazes de nos reconciliarmos com os nossos irmãos e conosco próprios.

A CIVICOP não resistiu aos jogos partidários e a má formatação de algumas mentes não reconciliadas e com relevante responsabilidade nacional. Angola, quase 50 anos depois dos corações nos frigoríficos e da propaganda negativa dos dias da independência voltou a assistir, com tristeza e rejeição nacional à divulgação do ódio, à mais condenável propaganda nas nossas televisões. 50 anos depois, angolanos com responsabilidades relevantes continuam a pretender dividir angolanos, a atirar irmãos contra irmãos.

A UNITA retirou-se da CIVICOP por respeito à memória de quantos já não estão aqui e mesmo depois de mortos continuam sob a mais vil propaganda, nomeadamente em respeito ao nosso Presidente Fundador.

Retiramo-nos depois de termos convidado ao reabraçar dos princípios e objetivos da criação daquela Comissão, o que não foi feito!

Ninguém neste nosso país está em condições de se expurgar de responsabilidades e de arremessar pedras aos telhados do vizinho. Ninguém está em condições de se armar em juízes dos outros, quando carregam eles mesmo enormes responsabilidades, que tantos continuam a carregar.

Está mais do que claro que precisamos de ter a coragem de instituir uma Comissão de Verdade e de Reconciliação, capaz de expurgar os nossos fantasmas. Tem-nos faltado humildade, coragem, sentido de justiça e patriotismo.

Dando continuidade à abordagem dos passivos internos, iniciada pelo Presidente Fundador, o Dr Jonas Savimbi, na 16ª Conferência e continuada pelo então Presidente Isaías Samakuva, imbuídos do espírito de reconciliação, temos reunido com diversas famílias que carregam a perda de seus entes, vítimas de processos internos.

A UNITA que somos hoje é fruto da entrega e do sacrifício de todos os seus filhos. Deram o seu melhor ao partido e ao País. Nós temos hoje, nesta tribuna familiares de alguns companheiros que nos merecem todo o respeito e o reconhecimento das suas relevantes contribuições.

Faremos humildemente, em nome da UNITA, mais um gesto marcante de profundo reconhecimento AOS FEITOS E CONTRIBUTOS À CAUSA DA UNITA E DE ANGOLA POR:

. ANTÓNIO VAKULUKUTA;

. VALDEMAR PIRES CHINDONDO;

. ALTINO BANGO SAPALALO BOCK;

. ANIBAL PIEDOSO CHINDONDO

Este é um processo de grande responsabilidade e que nos levará à homenagem de todos quantos se bateram pela nobre causa da UNITA e de Angola e a cujos familiares nós em nome do Partido pedimos perdão pela dor e sofrimento causados.

 

UNITA IDENTIDADE

A UNITA entende o desenvolvimento de Angola na perspectiva de um lugar próximo dos países mais avançados do mundo. Para se atingir este SONHO, o caminho seguro é a valorização dos angolanos.

O desenvolvimento de Angola é indissociável do desenvolvimento humano dos angolanos. Ambos implicam um clima de paz, de democracia e estado de direito. O nosso País teve uma independência tardia no contexto da África e regrediu bastante com a guerra pós-colonial, que durou 27 anos, perdeu e continua a perder força de trabalho, recursos humanos e recursos naturais.

49 anos passados desde a Independência, fizeram de Angola um País refém dos interesses estrangeiros aliados às castas nacionais corruptas,

A UNITA acha inútil saber, em Angola, qual é o partido da esquerda e qual o da direita, pois estas designações tornaram-se vazias. O Poder ocupa a esquerda nominal apenas para gerir as alianças da Internacional Socialista e ocupa também a direita para destruir a Economia Nacional. Os socialistas assumidos resvalaram para um capitalismo selvagem, a corrupção invadiu a esquerda.

Para a UNITA, o desenvolvimento de Angola é indissociável do desenvolvimento humano do seu Povo, acima de todas as prioridades, Angola deve ser construída pelos angolanos. Está a acontecer o contrário, os estrangeiros dominam a economia, ante novas vagas de êxodos da juventude.

A UNITA define-se hoje como um partido democrático do centro. Depois das guerras anti-colonial (ou de libertação) e pós-colonial (ou da Resistência Popular Generalizada) estamos muito bem ao Centro, o lugar do diálogo e da fraternidade.

Africa e Angola carecem de lideranças comprometidas com o servir o desenvolvimento e o bem-estar das suas populações. Lideranças nacionalistas e patriotas. Lideranças que sejam exemplo de respeito pelo que é bem público e bem privado. Lideranças que defendam um poder judicial independente que tenha coragem de servir apenas o Direito.

A UNITA nesta seu 58 Aniversário reafirma toda a sua entrega em serviço de Angola e dos Angolanos. Para nós a democracia não é uma moda que se abraça quando convém. O respeito pelos termos dos mandatos é uma nossa prática. A pluralidade das nossas instituições é outra das nossas Marcas!

A Frente Unida foi e continua a ser a nossa opção, inspirados no pensamento do Presidente Fundador que mesmo em Alvor, reafirmava a sua firme convicção de que, perante os desafios enormes que existiam, ninguém sozinho estava em condições de ter sucesso.

 

A UNITA AGRADEÇE AS MANIFESTAÇÕES DE CARINHO E APOIO QUE TEM RECEBIDO POR TODO O PAÍS E TUDO FARÁ, COM A APRENDISAGEM EFECTUADA, PARA QUE JUNTOS POSSAMOS CRIAR UMA FRENTE NACIONAL PARA AS AUTARQUIAS E JUNTOS REALIZARMOS A ANGOLA DO SONHO DE TODOS OS SEUS FILHOS. A ALTERNANCIA!

Este regime matou o sonho dos Angolanos. Nós vamos respeitar o povo e realizar Angola!

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