Altos dirigentes do MPLA negaram nesta semana que vão interferir nas eleições da Ordem dos Advogados de Angola (OAA), que acontecem no dia 15 de dezembro, em reação a relatos de que teriam decretado orientação de voto aos seus militantes que participam na disputa eleitoral.
Estas terão sido as mais concorridas eleições da OAA, na qual disputam cinco candidatos, três dos quais são abertamente identificados como sendo os que o MPLA mais se revê.Nos últimos dias circularam mensagens aludindo que o MPLA teria baixado
orientações para votação no candidato da Lista D, José Carlos Miguel, e que a
portadora da mensagem seria uma alta dirigente do Comitê Central, Anabela do
Rosário Leitão Dinis. Dias depois surgiram correções aludindo confusão de nomes
e que o apelo teria vindo de Anabela Silva, que é a mandatária da Lista D, e
não de Anabela Diniz do Comitê Central.
Paralelamente, concorrem também esta semana insistentes relatos dando conta
que alguns Conselhos Provinciais da OAA foram orientados para mobilizar
advogados a votar na candidata Henriqueta Maria Augusto de Sousa e Silva, que
em maio passado foi mencionada num artigo públicado pelo Correio Angolense como
sendo a aposta do “Partido” para bastonária da organização.
Apesar de se insistir que o MPLA pediu para votarem na candidata Henriqueta
Silva, fontes em Luanda garantiram ao Club-K que o partido não orientou voto
para ninguém, como negou qualquer interferência nas eleições da OAA.
A mesma negação vem também do Comitê Provincial do MPLA do Cunene, onde
inicialmente circulava que a primeira secretária, Gerdina Ulipamue Didaléwa,
havia pedido que votassem igualmente em Henriqueta da Silva. Fonte próxima a
este comitê provincial não só negou, como também admitiu que houve uma
orientação vinda do segundo secretário do partido neste localidade, mas que a
sua vontade não envolve de maneira nenhuma a direção do MPLA, no Cunene.
Sob o título “MPLA não vai interferir nas eleições na OAA”, um texto que
circula nas redes sociais do partido no poder, começa por revelar que “depois
de alguns candidatos terem ido pedir a ajuda do MPLA para que este oriente os
seus militantes filiados na OAA a votarem num sentido para se elegerem, os
solicitantes receberam uma nega”.
O Partido, segundo a publicação, informou aos seus camaradas que “o Senhor
Ordens Superiores já foi enterrado há 5 anos”, garantindo também que “o MPLA
não quer e não vai interferir nas eleições na OAA”.
O texto apela que “Caso algum iluminado se lembre de inventar ordens superiores
para favorecer um ou outro candidato, deverá ser denunciado à Comissão de
Auditoria e Disciplina do Comité Central dos Camaradas”.
O debate à volta de uma eventual interferência do MPLA nestas eleições é associado
ao histórico de interferência nas pleitos eleitorais, tanto na OAA como em
outras instituições. No entanto, fontes consultadas aludem que as declarações
ou desmentidos que estão a ser feitos em nome do MPLA não é uma garantia de que
não haverá interferência nas eleições da OAA.
Já no ano de 2013, circulou em Luanda que a alegada atitude da Ordem dos
Advogados de Angola (OAA) em demitir-se do seu papel interventivo em matérias
jurídicas, como acontece com a sua congénere portuguesa, era associada à vinculação
do seu então bastonário, Hermenegildo Cachimbombo, e o MPLA, na pessoa de Dino
Matross.
Hermenegildo Cachimbombo era frequentemente citado como tendo devido a sua
eleição a uma interpelação do então secretário-geral do MPLA, Dino Matross,
cujo apadrinhamento foi crucial. Na altura das eleições na OAA, o forte
candidato ao cargo era Manuel Pinheiro, um advogado formado em Cuba que tinha o
melhor programa de reforma e propostas.
No período da pré-campanha, a ala de Dino Matross teria convocado Hermenegildo
Cachimbombo para lhe transmitir apoio incondicional. A argumentação para o
apoio, por parte do “partido”, foi de que a Ordem dos Advogados não deveria
parar nas mãos de um elemento que foi director de gabinete de um ex-ministro da
UNITA.
O ex-candidato Manuel Moreira Pinheiro, embora nunca tenha sido militante
da UNITA, foi no passado assessor do ex-ministro da Saúde Sebastião Veloso que
estava no extinto GURN por força dos acordos de Lusaka de 1994, entre o governo
e a UNITA.
Um dos feitos de Hermenegildo Cachimbombo no interesse do MPLA, durante o
seu mandato, foi uma cooperação com a Procuradoria-Geral da República para a
retirada da carteira do advogado William Tonet, tido como crítico ao sistema.
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