O jornalista e sociólogo Severino Carlos recusou a condecoração que lhe foi atribuída pelo Presidente da República, no âmbito das comemorações do cinquentenário da Independência Nacional, cuja cerimónia decorreu ontem, 10 de setembro, em Luanda.
O nome do profissional constava na lista oficial como o número 604 entre os
cidadãos distinguidos, mas Severino Carlos optou por não comparecer à cerimónia.
Em declaração pública, explicou que, embora a medalha fosse um reconhecimento à
sua trajectória de mais de quatro décadas no jornalismo, considerou
contraditório aceitar a homenagem de um regime que, segundo afirma, o persegue
e marginaliza profissionalmente pela sua postura crítica e independente.
“Reconhecer, por um lado, o mérito de um jornalista, e por outro lado,
negar-lhe o direito ao exercício pleno e livre da profissão, é uma contradição
que não posso aceitar em silêncio”, afirmou.
Severino Carlos destacou ainda o papel desempenhado ao lado de outros
profissionais no Semanário Angolense, que descreve como “a maior referência do
jornalismo angolano no pós-independência”.
Para o jornalista, a verdadeira distinção está no reconhecimento dos leitores
e dos colegas, bem como na certeza de ter permanecido fiel à verdade, à ética e
à dignidade do jornalismo em Angola.
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