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Tensão no Conselho da República entre JL e ACJr

A reunião do Conselho da República, realizada nesta segunda-feira, 11, em Luanda, ficou marcada por um momento de tensão entre o Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço e o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, durante a discussão sobre “segurança pública após protestos em várias províncias”.

O Chefe de Estado acusou a UNITA de estar por trás dos recentes protestos em Luanda, descartando, desta vez, as redes sociais como principal origem dos tumultos. Segundo Lourenço, discursos de dirigentes da oposição incentivaram a greve de taxistas que paralisou a capital. Para sustentar a acusação, apresentou vídeos de pronunciamentos de Adalberto Costa Júnior, do general Abílio Numa e do secretário da UNITA em Luanda,  Adriano Sapinãla.

Lourenço afirmou que o material foi entregue pelo ministro do Interior, Manuel Homem, e que há outros vídeos não exibidos pela TPA “por responsabilidade  e por considerar que muito ainda está fresco na memória das pessoas”. Também foram exibidas declarações do ativista Osvaldo Caholo e de Príncipe Venâncio, ambos detidos. Caholo teria dito que “o centro do poder é a Cidade Alta”, enquanto Venâncio, militante do MPLA, teria apelado, num congresso da UNITA, para que as pessoas pegassem em catanas.

O Procurador-Geral da República, Hélder Pitta Grós, apoiou a posição do Presidente, afirmando que essas declarações agravaram o clima de tensão no país e adiantou que mais prisões poderão ocorrer. Nos últimos dias, quase todos os líderes das associações de taxistas de Luanda foram detidos.

Várias figuras presentes, como o general Alexandre Rodrigues “Kito”, ex-ministro do Interior, e o empresário Alfeu Vinevala Sachiquepa, também defenderam Lourenço. Sachiquepa acusou a UNITA de “retomar o espírito de 1992”. Já Jorge Valentim, antigo porta-voz de Jonas Savimbi, criticou duramente Abílio Kamalata Numa, um dos citados pelo Presidente.

Em resposta, Adalberto Costa Júnior rejeitou as acusações, considerando que os vídeos apresentados são antigos e retirados de contexto. Admitiu a existência de discursos inflamados, mas defendeu que o foco deveria estar nas causas reais dos protestos: fome, desemprego e pobreza.

Felisberta Malaquias, do Partido Humanista, e Mimi-a-Simba, da FNLA, manifestaram apoio à posição de Costa Júnior. Apesar disso, João Lourenço mantém a convicção de que a UNITA está por trás das manifestações e acredita na existência de um plano para o afastá-lo do poder através de protestos de rua.

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