As organizações da “sociedade civil”, derrotadas na rebelião do final de Julho, apontam o dedo ao Presidente da República e ao Comandante-Geral da Polícia Nacional. Garantem que são responsáveis pelos “crimes”. É a fruta da época. Manipulação desenfreada. Falsas notícias. Mentiras deliberadas.
Claro que João Lourenço tem responsabilidades políticas na vitória da
democracia e na derrota da rebelião. Francisco Monteiro Ribas da Silva fez uma
comunicação desastrada. Resolveu usurpar as funções do excelente Subcomissário
Mateus Rodrigues e deu para o torto. Espero que os mandantes da rebelião não
queiram fuzilar o Comandante Ribas.
Espantoso. Os chefes das milícias da democracia, os cruzados da guerra
santa contra o MPLA (tanto ódio ao amplo movimento libertador!) apontam o dedo
a João Lourenço e Francisco Monteiro Ribas da Silva. Deixam de fora o ministro
Manuel Homem e o chefe Miala. Mas estes dois são os primeiros responsáveis.
Foram eles que escancararam as portas aos milicianos da rebelião. Foram eles
que, apesar de devidamente alertados e avisados durante semanas a fio, não
tomaram as medidas preventivas que se impunham.
Conclusão. Manuel Homem e Fernando Garcia Miala foram os beneficiários da
rebelião. Fizeram tudo para que os milicianos e cruzados instalassem o caos em
Luanda e noutras cidades de Angola. Celestino Epalanga, Serra Bango, Florindo
Chivucute, Teixeira Cândido, Luaty Beirão (Brigadeiro Mata Frakuz) e outros
milicianos fazem parte da pandilha. Na hora do ajuste de contas protegem os
donos. Miala a presidente! Homem a vice! Prostitutas ao poder! Os filhos já vão
a caminho.
A crónica de Manuel Rui publicada hoje no Jornal de Angola pode prestar-se a
más interpretações. Escreveu: “Foi o tempo do Governo de Transição. O
engenheiro Rezende, da parte portuguesa, pela sombra, colocou as comissões
populares de bairros”. O “engenheiro Rezende” era ministro do Governo de
Transição. Seu nome completo: Manuel Rezende de Oliveira. Foi o único membro do
Governo de Transição em representação de Portugal que ficou no seu posto até ao
dia 11 de Novembro 1975.
O engenheiro Manuel Rezende de Oliveira foi ministro da Construção do
Governo da República Popular de Angola. Um Angolano excepcional! E pode ter
sido um dos construtores do Poder Popular. Foram muitos e boa parte, na
clandestinidade.
As Comissões Populares de Bairro nasceram em 1974. Cresceram rapidamente.
Ainda em 1974 surgiu o Órgão Coordenador das Comissões Populares de Bairro. Com
os Sindicatos e as Comissões de Moradores, constituíram a base do Poder
Popular. Estas estruturas nasceram e foram dinamizadas pelos Comités Amílcar
Cabral, do MPLA, numa fase em que o movimento ainda não tinha aberto as suas delegações
oficiais nem tinha sido assinado o cessar-fogo na Frente Leste. A linha gráfica
deste movimento ficou a cargo de António Ole e João Nunes. É deles o cartaz com
Agostinho Neto de punho erguido. VIVA O PODER POPULAR!
Desconheço se o engenheiro Manuel Rezende de Oliveira fazia parte das
Comissões Populares de Bairro ou do Órgão Coordenador. Quem fez nesta área um
trabalho político notável foi Filomeno Vieira Lopes, na época militante do MPLA
e hoje dirigente do Bloco Democrático. Este vosso criado, era uma espécie de
“gabinete de imprensa”. Como chefe de Redacção da Emissora Oficial de Angola
(RNA) punha na pauta todas as acções do Poder Popular. Cobertura obrigatória!
Os comunicados eram entregues em mão na Rádio. A mim ou à jornalista Graça
D’Orey, militante dos Comités Amílcar Cabral.
Tomem nota. As Comissões Populares de Bairro e seu Órgão Coordenador eram
muito anteriores ao Governo de Transição. Quando a primeira delegação oficial
do MPLA se instalou em Lunda, ainda em 1974, estas estruturas agigantaram-se.
Carlos Rocha (Dilolwa) foi o membro do Bureau Polítrico do MPLA que passou a
coordenar as instituições do Poder Popular.
No 4 de Fevereiro 1975 Agostinho Neto chegou a Luanda. A gigantesca
manifestação de boas-vindas deve-se em grande parte à capacidade de mobilização
das organizações do Poder Popular e seus activistas.
Agostinho Neto deu-lhes gás! O movimento tornou-se imparável. Ouso afirmar
isto: Sem as organizações do Poder Popular não tinha existido Acordo de
Mombaça, Acordo de Alvor nem o 11 de Novembro 1975. Peço imensa desculpa por
nada disto ter acontecido graças ao Presidente João Lourenço. Ma o chefe Miala
lutou contra o Poder Popular. Derrotado. Por estas e por outras é que anda por
aí tanto ódio ao MPLA.
O Senhor da Guerra na Ucrânia, Donald Trump, finalmente reconheceu que a
maka é entre o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) e a Federação
Russa. Vai encontrar-se com o Presidente Putin. Oxalá acabe esta e todas as
outras guerras alimentadas pela Casa dos Brancos. As guerras comerciais são
menos sangrentas.
Os caloteiros da administração da Empresa Edições Novembro continuam a usar
contra mim a fome como arma de guerra. Não pagam a minha pensão de reforma. Não
pagam uma dívida salarial com mais de dez anos.
Drumond Jaime, Cândido Bessa, Guilhermino Alberto e Vitória Quintas são
administradores da Empresa Edições Novembro mas também jornalistas. Essa
condição obriga que em cada fracção de segundo das suas vidas, sejam capazes de
viver entre as fronteiras da honra e da dignidade. Não há ordem superior que se
sobreponha à honra e à dignidade dos jornalistas.
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