O presidente e fundador do Partido da Solução do Povo (PSP), Hélder Chihuto, manifestou-se esta semana, em nota pública, consternado pelas mortes de civis e agentes da ordem ocorridas durante as recentes manifestações populares em Angola. Em nome pessoal, da sua família e do PSP, o político exprimiu “profunda melancolia” e apresentou “sentimentos de pesar” às famílias enlutadas.
Hélder Chihuto destacou, em particular, a morte de uma mulher baleada
alegadamente por efectivos da Polícia Nacional, diante do filho menor, episódio
que classificou como “desumano e inconsequente”. O líder político recordou que,
nos termos do artigo 30.º da Constituição da República de Angola, o Estado é o
garante da vida humana e deve agir em conformidade com esse princípio.
“Não podemos continuar impávidos e serenos diante de uma calamidade desta
natureza. O momento é de profunda reflexão nacional”, apelou, pedindo o fim da
prepotência, arrogância e ausência de humildade nas estruturas de poder.
Chihuto exortou o Executivo e as forças da ordem a conterem os ânimos, e apelou
à população para manter a calma e o civismo.
Numa análise crítica à trajectória do país, o dirigente relembrou os vários
períodos de guerra – da luta contra o colonialismo em 1961, passando pelo
conflito civil de 1975 até 2002 – para reforçar que Angola já “não precisa de
mais instabilidade”. Para Chihuto, apesar dos 23 anos de paz, a guerra “apenas
mudou de natureza” e continua a manifestar-se sob formas de exclusão social e
económica.
Propostas para conter a crise
Perante o actual quadro de crise socioeconómica, caracterizado por fome,
desemprego e agravamento do custo de vida, Hélder Chihuto defendeu que o Estado
adopte uma postura mais interventiva no mercado. Propôs que, usando os seus
privilégios fiscais e aduaneiros, o Governo subsidie produtos da cesta básica,
vendendo-os à população a preços reduzidos, mesmo que isso implique prejuízos
controlados.
A medida, segundo o presidente do PSP, permitiria forçar os privados a
baixar os preços e tornar a vida dos cidadãos mais suportável. “Angola precisa
avançar, e para isso temos de estar unidos. As cores partidárias devem cair por
terra. Precisamos de ditar um novo recomeço ao país”, concluiu.
A nota de Hélder Chihuto junta-se a um coro crescente de vozes que apelam
ao diálogo, à reconciliação e à construção de soluções concretas para os
desafios que Angola enfrenta.
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