O jurista e dirigente político angolano Ernesto Manuel Norberto Garcia manifestou, em círculos políticos nacionais, a sua total disponibilidade para participar num debate televisivo com o líder do partido português CHEGA, André Ventura, a fim de confrontar as declarações polémicas proferidas por este último contra Angola e o Presidente João Lourenço.
A proposta surge na sequência da visita oficial de João Manuel Gonçalves Lourenço a Portugal, em julho de 2025, uma ocasião que deveria representar o fortalecimento dos laços históricos e estratégicos entre ambos os países. No entanto, o momento foi marcado por um episódio de tensão diplomática, após declarações ofensivas do deputado André Ventura durante a recepção parlamentar ao chefe de Estado angolano.
Ventura quebrou o protocolo parlamentar ao classificar Lourenço como “ditador”
e “sanguinário”, alegando que o Presidente não representa o povo angolano.
Afirmou ainda que Lourenço “não devia sequer entrar no Parlamento” e insinuou
que os cidadãos angolanos presentes nas ruas de Lisboa estavam “pagos para
aplaudir”.
As declarações, feitas sob o manto da liberdade de expressão, foram vistas em Angola como uma demonstração de retórica populista, que desrespeitou os princípios da diplomacia entre Estados soberanos. Ventura, já conhecido por discursos nacionalistas e controversos, parece ter usado a visita para reforçar o seu capital político interno.
A resposta institucional angolana, até ao momento, foi articulada pela
Televisão Pública de Angola (TPA), que em editorial transmitido em horário
nobre, classificou Ventura como “fascista e racista”, impulsionado por
“arrogância colonial” e “protagonismo barato”. A emissora acusou o político
português de tentar destabilizar as relações entre Angola e Portugal e insultar
o povo angolano.
No seio da elite política angolana, o discurso de Ventura continua a provocar debates. Alguns setores defendem que, para além do editorial televisivo, deve haver uma resposta pública mais ativa. Nesse sentido, Ernesto Garcia, atual diretor do Gabinete de Estudos e Análises Estratégicas (GEAE), respondeu aos apelos de militantes e quadros políticos, demonstrando disposição para enfrentar André Ventura num confronto televisivo direto, com o objetivo de desmontar, segundo ele, a “visão distorcida” que Ventura transmite sobre Angola.
Ex-porta-voz do MPLA e antigo diretor da UTIP (Unidade Técnica de Investimento
Privado), Garcia é conhecido pela sua presença combativa em debates televisivos
com políticos da oposição angolana, destacando-se pela sua retórica
confrontacional.
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