Os pobres e oprimidos acabam de dar o seu recado aos poderosos de hoje. O MPLA terá entendido a mensagem que lhe foi enviada no sábado passado?
A mensagem foi clara: o partido-Estado não é mais senhor e dono da alma dos angolanos. A maioria, em Angola, não deseja a continuidade do MPLA e de João Lourenço no poder. A esperança tomou conta da alma dos oprimidos e dos esfomeados, que circundam em torno dos contentores em busca de alimento para o corpo e a alma.
A maior dádiva foi a percepção de se entender que o povo acredita, agora,
que só não tem poder quem acredita que não tem.
A força de luta adquirida no sábado pelo povo mostrou que a coexistência do tecido da nossa angolanidade passa pela luta popular do povo sofrido — luta essa que se processa fora do limite fronteiriço de onde se instala a mediocridade da luta político-partidária, concentrada no interior do arco da governação.
No entanto, faz-se necessário não deixar que nenhum dos nichos envolvidos
no processo de luta se apropriem do esforço dos demais grupos de luta
bem-intencionados.
Percebeu-se, claramente, que no teatro operacional da luta existiam várias
agendas. Embora fosse legítima a presença da diversidade dos setores envolvidos
nas manifestações, a verdade é que os slogans de determinados grupos
danificaram, sobremaneira, o interesse coletivo na luta contra o regime —
totalmente apodrecido internamente e, sobretudo, que tarda em se reciclar.
E por falar em agendas...
Ainda acerca da manifestação — e para que a verdade não seja escamoteada, muito
menos subvertida — e, sobretudo, para que fique registado com letras garrafais
nos anais da história recente angolana:
Dos partidos que anunciaram e propagandearam a sua presença nas recentes
manifestações, apenas o PL deu as caras. Já o PRA-JA, a serviço do (MIMOSO),
deu as de Vilas Boas — quer dizer, deu o dito pelo não dito.
Isso significa dizer que, aparentemente, não recebeu permissão atempada das
chefias do (M) e/ou das secretas.
Se por acaso o cenário da desdita comparência do PRA-JA for ainda mais
rocambolesco... casa ser vivente. Tire as suas próprias ilações.
Até aqui, tudo foi entendido. Mas todos percebemos que o regime tem sua mão
podre bem dentro da alma das manifestações.
O regime pensa que tem tudo sob controlo, mas, na verdade, não tem.
Outros métodos de luta terão que ser experimentados no processo.
Existem outros modelos de luta eficazes que, à priori, podem não possuir
grande visibilidade, mas podem causar estragos portentosos ao regime opressor.
Esse esforço ajudaria a evitar que grupos organizados — ou pessoas individuais
— busquem desesperadamente algum protagonismo em obediência a agendas que podem
alterar negativamente a ordem do establishment político, jurídico e
constitucional.
A vontade de se tentar, a todo custo, evitar a dor e o sofrimento dos
manifestantes deve ser levada em conta com elevada prioridade.
Assim sendo, a ideia de se manifestar ficando em casa seria, talvez, a
melhor forma de luta.
Pois o regime já conhece a força do povo.
O resto deve ficar para 2027.
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