A vice-presidente do MPLA, Mara Regina da Silva Baptista Domingos Quiosa, poderá assumir interinamente a liderança do partido caso o Comité Central aprove, por maioria qualificada, a proposta de suspensão do presidente João Lourenço, apresentada por um dos seus membros, ao abrigo dos Estatutos da organização.
No documento, datado de 19 de junho, o dirigente Valdir de Jesus do Sacramento Cônego solicita o agendamento formal de um ponto de ordem na próxima reunião do Comité Central, com vista à suspensão do presidente do partido, João Lourenço, por alegadas violações dos Estatutos e do Código de Ética partidário.
O pedido, segundo juristas consultados pelo Club-K, está em conformidade com os trâmites estatutários, não se tratando de um processo disciplinar automático, mas sim de uma proposta de deliberação interna. Com base na alínea m) do artigo 82.º dos Estatutos do MPLA, o Comité Central tem competência para suspender o presidente do partido, desde que tal decisão obtenha o apoio mínimo de dois terços dos seus membros.
Caso a suspensão venha a ser aprovada nessa moldura, o processo será então remetido à Comissão de Disciplina, Ética e Auditoria do próprio partido, que deverá homologar a deliberação. Nessa eventualidade, e em estrita observância estatutária, caberia à vice-presidente do MPLA, Mara Regina da Silva Baptista Domingos Quiosa, assumir interinamente a presidência do partido até à realização do próximo Congresso Ordinário (IX).
A carta de Valdir Cônego surge numa altura delicada para a liderança de João Lourenço, marcada por tensões internas, críticas públicas sobre centralização de poder e protestos de bases do partido por alegado bloqueio à concorrência interna, após declarações feitas à Televisão Pública de Angola (TPA) em que desencorajava candidaturas alternativas.
O MPLA ainda não reagiu publicamente à proposta de agendamento, mas o gesto
é inédito e representa a primeira iniciativa formal registada internamente a
pôr em causa o mandato de João Lourenço como presidente do partido.
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