O Presidente João Lourenço, ao gabar-se publicamente de ter mandado passear a oposição política, demonstrou que não se importa muito com o que diz. (Se esse pronunciamento fosse feito aqui na banda, onde ele também nasceu, seria imediatamente alcunhado de “Presidente Silivondelela”. Ora bem, como existem vários benguelenses por aí, perguntem a um deles o significado desse nome. E, se o tal benguelense for mais velho, vai contar-vos a história por detrás dessa alcunha. Um cheirinho: tudo aconteceu numa festa de casamento, em umbundu, uvala.) — Para não ser mal interpretado, avanço já com a moral da história: trata-se de alguém que não se preocupa com o que diz, como o diz e onde o diz. Também não se importa com os conselhos dos outros. Quando assim é, as pessoas evitam fazer reparos. Depois, vem a vergonha!
Ficou evidente que, no comício de ontem, no Kazombo, capital da nova província do Moxico-Leste, o Presidente João Lourenço deu o pontapé de saída da campanha eleitoral de 2027. E não foi um pontapé qualquer. Entrou a disparar. Sem papas na língua, mandou lixar a oposição. Talvez, com este discurso, alguns partidos da oposição vão tirar o cavalinho da chuva: afinal, em caso de vitória do MPLA, não farão parte do Governo, salvo melhor entendimento.
Pelos vistos, com esta declaração pública, está oficialmente aberta a guerra democrática pela caça ao voto. Nessa guerra, as armas de arremesso serão as palavras. Quando essas palavras não são bem seleccionadas, podem produzir o efeito contrário. Mas, como JLo tem experiência política suficiente, não falou por falar. Quis, provavelmente, galvanizar a sua massa militante e dar a impressão, aos populares do Moxico-Leste, de que a oposição quer o mal para o povo. Ou melhor: de que os únicos verdadeiramente preocupados com os problemas do povo são os do MPLA.
Tudo indica que a campanha eleitoral de 2027 vai dar que falar. Veremos
como os discursos políticos procurarão justificar a ineficiência da governação.
Estaremos aqui para assistir ao milagre de, com a palavra, se cumprirem promessas
eleitorais passadas e de se conseguir vender esperanças e justificar a actual
situação económica e o empobrecimento das famílias angolanas.
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