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Bengo: Comandante da Polícia de Quibaxe é acusado de liderar esquema de exploração ilegal de madeira e minerais no Coxe

O comandante municipal da Polícia Nacional de Quibaxe, Augusto Novato, está a ser acusado por moradores da comuna do Coxe de liderar um esquema de exploração ilegal de recursos naturais, envolvendo madeira e minerais estratégicos. A localidade, situada a cerca de 35 quilómetros da sede municipal, tem sido palco de abates indiscriminados de árvores e extração mineral não autorizada. 

As acusações apontam para o envolvimento direto do comandante Novato na exploração de espécies florestais como moreira, kibaba e mudianuni. De acordo com os relatos, as operações são realizadas em lavras e plantações de café pertencentes aos camponeses locais, sob intimidação e abuso de autoridade.

“Já não sabemos em quem confiar. Aquele que devia nos proteger é quem está a explorar as nossas terras. Os camiões dele circulam de madrugada”, lamentou um dos moradores, sob anonimato.

Conluio com Administração Local e Exploração Mineral

Além da madeira, os moradores denunciam a extração ilegal de manganésio, alegadamente realizada com o aval da administradora municipal e do próprio comandante. Segundo as fontes, a empresa responsável pela exploração foi autorizada em troca de benefícios pessoais para os responsáveis locais.

O transporte frequente de cargas pesadas tem levantado preocupações entre a população quanto à integridade da ponte sobre o rio Luvi, construída na década de 1960.

“São camiões e mais camiões a passar por aqui todos os dias. Estamos com medo de que a ponte colapse”, afirmou um habitante.

A empresa teria prometido várias contrapartidas à comunidade – como a construção de uma casa para a autoridade tradicional, aquisição de um gerador e edificação de três salas de aula –, mas, segundo os residentes, até agora pouco ou nada foi cumprido.

Trabalho Precário e Tensão Crescente

De acordo com António Mabaca, agricultor local, a empresa contratou apenas cinco jovens para serviços de segurança, com salários inferiores a 20 mil kwanzas. “Os seguranças que ganham 14 mil kwanzas foram os primeiros a descobrir a pedra, mas estão a ser ignorados e explorados”, denunciou.

Ele alerta ainda para o risco de conflitos sociais. “A população está a perder a paciência. Um dia vão ouvir que aconteceram coisas feias aqui. Já se fala até em proibir a entrada da empresa na zona.”

Denúncias Abrangem Toda a Província

As denúncias não se limitam ao Coxe. Em várias áreas da província do Bengo, moradores afirmam que cidadãos chineses exploram recursos como carvão vegetal, ouro, diamantes e magnésio, sob o olhar passivo das autoridades provinciais.

“A governadora e o comandante provincial sabem o que se passa, mas não agem. Fala-se que recebem envelopes”, disse uma fonte ligada à comunidade do Úcua.

Outro residente questionou o destino da energia elétrica supostamente direcionada para regiões de exploração:

“Onde está a energia que saiu de Caxito? Quem se está a beneficiar? E o que os chineses estão a explorar ali?”

A reportagem tentou obter esclarecimentos junto das autoridades provinciais, mas até ao momento não houve resposta.

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