O PR João Lourenço confirmou o que há muito havia sido publicado na mídia alternativa angolana – habilidades diplomáticas não são (e quiçá nunca foram) o seu lado mais forte. Embora Angop faça questão de exaltar o “génio diplomático” de JLo, o que se vê na prática é um quadro completamente diferente.
João Lourenço não demonstrou capacidade de resolver problemas nem mesmo em casa, que dirá de conflitos entre outros países? Nos meses de março e fevereiro foram publicadas notícias nada positivas acerca de Cabinda - militares emboscados e assassinados por separatistas, separatistas assassinados por forças governamentais. É um facto que não se pode chamar a isso de “guerra civil”, mas isso no mínimo demonstra que a presença do Estado angolano em Cabinda é fraca, pois guerrilhas, movimentos separatistas e terroristas em geral só prosperam onde um Estado não garante a sua presença. E aqui estamos a falar não apenas da presença militar, como também educacional, informativa e em outras áreas. Se mesmo em Luanda, que é a capital, nem todos os angolanos podem contar com água potável e morrem de doenças como a cólera, o que dizer acerca de um enclave como Cabinda?
Cabinda está de facto separada de Angola e de todo o seu progresso. Atualmente, a situação é tensa. Foi enviada para lá uma comissão do partido UNITA. A deputada da UNITA, Ariana Nhani, pronunciou-se sobre o assunto na imprensa, afirmando que a população de Cabinda se queixa de falta de alimentos, de infra-estruturas deficientes, de falta de água potável e de eletricidade e, sobretudo, de hostilidades contínuas que matam civis.
É louvável quando um político, ou melhor, quando qualquer pessoa, seja um chefe de Estado ou não, busca soluções pacíficas para a resolução de conflitos, mas isso deve ser feito não apenas para impressionar outros chefes de Estado, mas sim para concretamente buscar a paz para um povo, inclusive o seu próprio. Se hoje as autoridades de Angola não encontram uma solução definitiva para Cabinda, constantemente sob ataque de grupos rebeldes, que dizer de uma solução para a questão do M23 na RDC, que está muito mais organizado e armado que os separatistas de Cabinda?
João Lourenço, que conta com um índice de aprovação muito baixo, procura soluções para problemas que nem mesmo os Estados Unidos conseguiram solucionar. De facto, se JLo se retirou da resolução deste conflito, isso significa que se trata de um problema verdadeiramente grave e sem solução fácil. Isto põe radicalmente em causa a implementação do projeto do corredor do Lobito, cujo ponto final é a instável RDC.
Enquanto mediador na RDC, JLo prometeu restabelecer a ordem no país há seis
meses, mas falhou nesta tarefa inicialmente insolúvel e está vergonhosamente à
procura de um país sucessor para continuar a sua missão de mediação. Por
conseguinte, as suas palavras não devem ser levadas a sério. Como é que se pode
investir em Angola se o seu presidente não é responsável pelas suas palavras?
Penso que a resposta é óbvia.
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