O Presidente angolano afirmou que o bem-estar para os africanos só poderá ser alcançado com um calar das armas e lamentou a “perigosa tendência” de alguns líderes do continente para criar fatores de instabilidade e de insegurança que são contra os interesses da África.
"Os maus exemplos desta conduta reprovável em África não valorizam
homens e mulheres que estão na sua origem, pelo contrário, coloca-os nas
páginas menos gloriosas da história de África como os promotores de tragédias
humanas a todos os títulos condenáveis", afirmou João Lourenço numa
reunião virtual do Conselho de Paz e Segurança da União Africana, realizada
nesta sexta-feira, 31, Dia da Paz e Reconciliação de África.
Ao intervir como Campeão da União Africana para a Paz e Reconciliação em África, Lourenço disse constatar "com grande preocupação, que o continente continua a deparar-se com desafios complexos, decorrentes, em muitos casos, dos conflitos armados que afetam seriamente as relações entre alguns Estados africanos e condicionam em grande medida o esforço do desenvolvimento e do bem-estar dos povos de África".
João Lourenço alertou para "uma perigosa tendência para pormos de
lado, de forma ligeira, os valores da irmandade e da solidariedade africana e
agirmos contra os próprios interesses de África e dos seus povos, criando
factores de instabilidade e de insegurança, por se descurar a força e a
importância do diálogo e das soluções diplomáticas como a única via aceitável
para dissipar tensões e evitar guerras que geram e agravam a pobreza, associada
à enorme massa de deslocados e refugiados que daí derivam".
Fundadores do nacionalismo africano e a África
Na sua intervenção, o Chefe de Estado angolano pediu o envolvimento das
lideranças para trabalharem em prol da paz e da reconciliação no continente
africano, "com especial destaque para o Leste da República Democrática do
Congo, o Sudão e a região do Sahel".
Ele enfatizou ainda que "os pais fundadores do nacionalismo africano
lutaram e sonharam com uma África unida, desenvolvida e próspera, após a
conquista das independências nacionais", mas, ante a situação atual do
continente, João Lourenço pediu aos líderes que coloquem de lado "as
nossas diferenças" e que sejam transformadas "na nossa maior
força" que conduza a África "à paz, à estabilidade e à
segurança".
Lourenço disse constatar com grande preocupação que "volvidas seis
décadas desde o advento da autodeterminação dos povos africanos" o
continente continua a deparar-se com desafios complexos, "decorrentes, em
muitos casos, dos conflitos armados que afetam seriamente as relações entre
alguns Estados africanos e condicionam em grande medida o esforço do
desenvolvimento e do bem-estar dos povos de África".
Esta meta, concluiu Lourenço, só "poderá ser alcançada com um calar
das armas capaz de impulsionar uma paz e reconciliação genuína e perene".
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