A gloriosa Medalha Comemorativa dos 50 anos da Independência de Angola! Um símbolo de honra, bravura e, claro, selectividade partidária. Porque, em Angola, os heróis não são definidos pela História, pela luta, pelo sangue derramado ou pelo impacto na Nação. Não! São escolhidos com todo o rigor por uma comissão de avaliação altamente científica: o partido no poder.
É fascinante ver como a medalha da independência não é um reconhecimento nacional, mas um carimbo de fidelidade partidária. Um verdadeiro certificado de "bom comportamento político". Lutas históricas? Contribuições para a autodeterminação? Bobagem! O que realmente importa é se a sua biografia combina com a narrativa oficial.
E agora, eis que surge o grande escândalo: alguém sugeriu que Jonas Savimbi, uma das figuras centrais da História do país, recebesse essa medalha. Que afronta! Afinal, ele não foi escolhido pelo comité de santificação do partido. Quem se importa se ele faz parte da História da independência? O que vale mesmo é se ele estava na fila certa quando distribuíram os louros.
Mas sejamos justos: se as medalhas são distribuídas por mérito político e
não histórico, então já sabemos qual é o verdadeiro valor delas. Talvez, no
futuro, o critério de atribuição seja baseado no tamanho do aplauso nos
comícios ou na intensidade das loas cantadas nas redes sociais. E quem sabe, um
dia, os heróis da Pátria sejam escolhidos pela História e pelo povo – e não por
um comité que define o passado conforme o que lhe convém.
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