Santos da casa são estrangeiros - Jorge Eurico

Roberta Miranda é uma cantora e compositora brasileira. Pisou solo angolano pela primeira vez em 1990. Actuou no cine Karl Marx em Luanda. O show foi televisionado pela Televisão Popular de Angola (TPA). Depois voltou a Angola pela mão de vários empresários do showbizz.

A “Rainha Sertaneja” faz parte dos talentos musicais em decadência no Brasil. Quase ninguém a ouve por lá. Mas os dirigentes políticos angolanos adoram sobejos! Se forem estrangeiros, melhor. Têm outro sabor. O Executivo e alguns empresários do showbizz entenderam explorar para entreter os angolanos com uma velha glória da música brasileira: Roberta Miranda. Mas não é a única. A lista é longa.

As vindas e actuações em Angola de Roberta Miranda eram pagas de forma régia. Há poucos dias a cantora revelou displiscentemente em vídeo divulgado nas Redes Sociais já ter sido compensada com punhado de diamantes equivalente a um milhão de dólares. A preciosa compensação de Roberta Miranda representa um insulto para os artistas angolanos. Um abuso abusado! Um desprezo total e absoluto pela “prata da casa”!

O pagamento feito a Roberta Miranda com “brilhantes” confirma a falta de patriotismo da classe política angolana. É o sintoma da xenofilia de que padecem os dirigentes políticos e a classe empresarial. O Executivo ou empresário algum pagaria um artista angolano com “lágrimas dos deuses” equivalentes a um milhão de dólares. Santos de casa não fazem milagres! Santos estrangeiros, estes, sim fazem milagres em Angola. E que milagres!

Há artistas angolanos cujo cashet sequer dá para manter a família com dignidade. Muitos vivem na indigência. Outros acabam por desviver no leito de um hospital por falta de medicamentos. Sorte teve Roberta Miranda. Há muito perdeu a sua majestade nos palcos. Faz tempo que perdeu espaço nas emissoras brasileiras. Está fora de moda! O seu tempo já lá vai! Mas em Angola ainda é vista e tratada como se ainda ostentasse o título de “Rainha Sertaneja”. É nisso que dá quando os dirigente políticos de um País padecem de uma maleita antipatriótica: A xenofilia!