Ticker

10/recent/ticker-posts

“Representar a Selecção Nacional é e sempre foi uma honra”

 “Chorámos e festejámos juntos muitas vezes, mas passados 22 anos a vestir o azul e amarelo, esperei que me fosse dado ao menos um muito obrigado por tudo que conquistei e ajudei a conquistar com o clube do meu coração. Ainda assim, sou grato por tudo e irei enaltecer sempre o clube que me formou”. Carlos Morais descreveu deste modo o estado emocional em entrevista exclusiva ao Jornal de Angola.

O atleta formado no Petro de Luanda e a jogar basquetebol há mais de 22 anos é um dos melhores atletas. O internacional angolano, de 39 anos e 1,92 metros, reagiu às declarações do presidente de direcção do Petro de Luanda, Tomás Faria, na entrevista concedida à Rádio Cinco, que o coloca à disposição da agremiação. O extremo-base abriu o livro, onde inscreve algumas tristezas à saída da antiga equipa e garantiu que nunca houve negociações entre as partes. O basquetebolista lamenta a forma como o processo de despedimento foi conduzido por reconhecer que a formação como homem e todo o património material que dispõe se deve ao clube do Eixo-Viário, onde está cravada as primeiras lições do processo de formação.

Recentemente, o presidente Tomás Faria deu uma entrevista à Rádio Cinco chegando a garantir que a direcção e a equipa técnica conta contigo para a presente época. Essa afirmação é verdadeira?

A única coisa que posso dizer relativamente a isso, é que nunca me foi feita nenhuma proposta para continuar a representar o Petro de Luanda esta época. Muito pelo contrário, mostrei a minha disponibilidade e desejo de continuar na equipa. Mas não fui opção para a presente temporada! Após a Taça Intercontinental, numa das minhas tentativas de voltar a representar o clube, onde cresci e me fiz jogador, o treinador pediu-me para aguardar dois meses enquanto avaliava outros jogadores mais jovens para saber se conseguiria encaixar-me ou não. Isso durante o campeonato provincial de Luanda. O certo é que mais nada ouvi até ao momento.

 Qual foi a garantia que recebeu do presidente Tomás Faria?

Falei com o presidente Tomás Faria, alguém por quem tenho muito respeito e consideração no mês de Outubro. Entre outros assuntos, disse-me que as portas do clube estariam abertas para mim, quando terminasse a minha carreira. Quanto à direcção do clube, não posso afirmar nada. Agradeço o esforço de um antigo membro do Petro, da direcção por me ter feito acreditar que tudo se resolveria. Pessoa essa que foi a única a questionar-me a meio da época sobre o que queria fazer no futuro e a possibilidade de renovar o contrato, uma vez que era a minha última época de contrato.

No final da época, qual foi a conversa que teve com o técnico Sérgio Moreno?

Quando terminou a época passada, não tivemos nenhuma conversa com relação ao futuro. Seguimos caminhos diferentes, logo após o término da BAL. Tenho muito respeito pelo actual treinador por me ter dito na cara e sem problema algum que não sabia como me encaixar na equipa. Que na sua óptica havia ou há jovens à frente de mim e que seria muito difícil encaixar-me. Além de que não saberia como justificar ao presidente Tomás Faria e aos demais atletas o porquê da minha integração tardia no plantel, visto que a época já havia começado. 

Fala-se que o treinador Sérgio Moreno chegou a garantir-vos que não teria o mesmo tempo de jogo, caso ficasse na equipa em função da sua idade e os números produzidos na época passada. Será esta a razão que o faz não renovar o contrato?

Nunca tive qualquer conversa com o treinador relativamente ao tempo de jogo ou qualquer assunto relacionado. Sobre os números da época passada, creio que existem estatísticas que possam ilustrar a minha prestação durante toda a época desportiva. Pois, espero não ter sido avaliado apenas pela pouca prestação na final da BAL.

 Também se aventou a hipótese de abraçar um cargo directivo no clube, algo que também foi descartado por si. Confirma esta informação?

Realmente, tomei conhecimento desta possibilidade numa entrevista dada pelo presidente do clube a uma rádio, creio. Depois de um tempo, enquanto falávamos sobre outros assuntos, o presidente mencionou sim, que o clube tinha as portas abertas para mim para um cargo directivo, mas nunca houve uma proposta ou convite formal.

 Sempre houve negociações com o Petro de Luanda?

Não. Nunca estive em negociações com o Petro. O que se ouve nos bastidores é puramente falso. Eu e o clube nunca estivemos em negociações.

 Vai renovar o contrato com a sua antiga equipa ou vai assinar com outra formação?

Não havendo até ao momento negociação nem interesse, é pouco provável que renove o contrato. A verdade é que sempre estive disponível para continuar a representar o meu clube do coração.

 Aguardava por um tratamento diferente da direcção e da equipa técnica, em função de tudo o que deu ao clube ao longo dos anos de actividade?

Compreendo o profissionalismo no Desporto. As equipas lutam para ter os melhores plantéis e alcançar objectivos. Os atletas em muitas situações tornam-se descartáveis em função dos interesses das equipas. Eu percebo isso. É assim em muitos sítios. Tenho respeito pelo treinador Sérgio por me ter mostrado a sua posição sem muitos rodeios. Conversámos algumas vezes e foi incisivo na sua decisão. Eu respeito.

Quando vai definir o seu futuro?

Espero que isso aconteça em breve. Deixei passar algumas oportunidades que poderiam ser muito boas para mim e para a minha família. Creio que chegou o momento de seguir em frente.

 Existem clubes interessados nos vossos préstimos? Quais são?

Graças a Deus, sim. Desde que me tornei disponível, apareceram várias oportunidades. A partir de hoje, começo a analisar todas elas e, nos próximos dias, vou decidir o meu futuro que possivelmente não vai passar pelo Petro de Luanda.

 É considerado por muitos a “lenda viva do basquetebol angolano da actualidade”. Muitos dos seus fãs gostariam de lhe ver encerrar a carreira no clube onde começou. Isso passa pela tua cabeça?

Sempre foi esse o plano. Sempre foi este o sonho, mas, infelizmente, nem tudo depende somente do nosso desejo e objectivo.

 Estamos no ano do Afrobasket. Está disponível para representar a Selecção Nacional em casa, caso fosse chamado?

Com toda a certeza. Representar a Selecção Nacional é e sempre foi uma honra para mim. Se tivesse essa possibilidade, com certeza, aceitaria. Aliás, sou o único atleta da minha geração que ainda está em pleno exercício.

 O seu afastamento da selecção teve a ver com algumas cartas que remeteu à direcção da FAB a mostrar a disponibilidade ou sente que houve má fé?

Honestamente, não sei de concreto o que se terá passado. Estive indisponível por lesão a duas janelas de apuramento e, da minha parte, foi só isso nada mais.

 Qual é a sua relação com Pep Clarós e o presidente Moniz Silva?

Profissional. São dois profissionais da modalidade que têm objectivo igual ao meu. Ganhar sempre que possível.

Qual é a vossa relação com os jogadores da nova e antiga geração?

Uma relação normal e saudável, sobretudo, com os mais jovens. Alguns me pedem conselhos ou dicas sobre basquetebol. De modo geral, sempre me mostrei disponível para aconselhar e ajudar naquilo que for possível.

 Como avalia o técnico Sergio Moreno?

Um treinador com muita experiência. Já conquistou várias coisas no basquetebol. E com certeza, dá qualidade ao basquetebol nacional. Convivi muito pouco tempo com ele para o poder conhecer na íntegra, mas é um bom treinador.

 Por quanto tempo pretende continuar a jogar?

Não sei. Sinto-me bem para continuar a jogar, apesar de saber que já não será por muito mais tempo. Contudo, ainda sinto que posso dar algum contributo a qualquer equipa em que venha a jogar.

 O Petro deve-lhe algum prémio ou tem todas as contas actualizadas?

Existem ainda alguns pendentes por se regularizar, mas o Petro Atlético de Luanda é o clube que sempre honra com os seus compromissos, por isso, estou descansado quanto a isso. Acredito que mais cedo ou mais tarde, as dívidas serão sanadas.

Que sentimento mexe contigo nesta altura em relação à direcção?

Comecei a jogar basquetebol com 12 anos no Petro Atlético de Luanda, muito jovem e sem saber nada sobre a vida desportiva. Rapidamente, apaixonei-me pelo clube e pela ideia de nunca representar nenhuma outra agremiação. Hoje, sou um homem e muito do que sou e tenho, também, devo ao clube, sobretudo, pela formação que lá tive, não só como atleta, mas como homem. Chorámos e festejámos juntos muitas vezes, mas passados 22 anos a vestir o azul e amarelo, esperei que me fosse dado ao menos um muito obrigado por tudo que conquistei e ajudei a conquistar com o clube do meu coração. Ainda assim, sou grato por tudo e irei enaltecer sempre o clube que me formou.

Perfil

Nome Completo

Carlos Edilson Alcântara Morais

 Natural de

Luanda Ingombota

 Data de Nascimento

16 de Outubro de 1985

 Estado civil

Casado

 Filhos

Três

 Altura

1,92 metros

 CONQUISTAS

Campeonatos nacionais- 9

Taças de clubes (2006; 2024 - BAL)-2

Taças de Angola- 6

Supertaças Vladimiro Romero -6

Afrobasket - 4

MVP do Afrobasket - 1

Presenças no cinco ideal do Afrobasket- 5

Taças Internacionais Borislav Stankovic- 2

MVP da Borislav Stankovic- 2

Participação em Jogos Olímpicos (Beijing 2008)- 1

Campeonatos do Mundo (2006; 2010 e 2019)—3

Troféus individuais de melhor triplista em competições distintas-12

Melhor Jogador Africano de Clubes(Petro - 2012)- 1

Presença no Primeiro Cinco Ideal da BAL-  1

Presença no Segundo Cinco Ideal da BAL- 1

Melhor Marcador de 3 pontos na BAL- 2

Top-3 de Melhor Marcador da BAL- 2

Jogador Mais Velho com o maior número de pontos numa partida da BAL- 1

Anos como um dos Rostos da BAL- 3

Enviar um comentário

0 Comentários