O burro zurra, o macaco guincha. O cabrito bala, o porco grunhe. O lobo uiva, a cobra sibila. O periquito palra, a pomba arrulha. O leão ruge, o jaguar rosna. O jornalista Rui Kandov revelou uma alcunha de Rafael Savimbi até então desconhecida: Jaguar Júnior!Face à exposição, retorqui dizendo que nunca ouvi o Jaguar Júnior a rosnar. O silêncio e a prepotência são os traços distintivos de alguns (mas quase todos) políticos angolanos.
Política faz-se comunicando. A política angolana está cheia de “gestores de
silêncio”. De conspiradores e salteadores. Confundem política com “bwé de
bocas” irresponsáveis. Político que age como se não tivesse língua, não tem
serventia. Político que não fala, é, no mínimo, um polícia infiltrado na
política. É delator de quem tem e produz ideias! É perigoso. É dissimulado.
Ouve as ideias dos outros para depois reportar de forma deturpada para fomentar
a intriga.
As posições e as propostas de políticos são essenciais. Servem de guia para que o cidadão-eleitor faça as suas escolhas de forma conscientes e responsável. Quando um político fica de boca fechada sobre os factos que ocorrem no seu País e no mundo, revela falta de compromisso pátrio. Confirma a expressão mais alta da sua incompetência. Um político que se abstenha de advogar os interesses dos cidadãos em sede própria (seja nos partidos políticos, no Parlamento ou no Executivo), atesta a sua incapacidade de dialogar e buscar soluções para os problemas dos cidadãos e do País.
O Comité Central do MPLA tem 693 membros. Quase ninguém fala. As ideias dos
seus membros são desconhecidas. Agem como como a avestruz que enfia a cabeça na
areia quando se devem pronunciar ou tomar posição sobre determinados factos. O
Comité Permanente da UNITA é composto por 51 membros. São sempre os mesmos a
falarem. A darem a cara. Muitos estão em grupos de WhatsApp. Acompanham tudo ao
pormenor, mas não emitem opinião. É como se estivessem a frequentar um curso.
Política é sinônimo de intervenção pública. Um político tem de ter ideias
na cabeça e verbo na ponta da língua. Os políticos angolanos têm de se
reinventar. Têm de se elevar. Têm de estar à altura dos desafios do seu tempo e
do “bas-fond” da política hodierna. É preciso mudar a forma de fazer política
em Angola ou mudar os políticos angolanos. É urgente! Eça de Queirós tinha
razão: “Os políticos e as fraldas devem ser trocados frequentemente, e pela
mesma razão.” Em Angola há políticos que precisam de ser mudados pelas mesmas
razões que levam uma mãe (ou pai) a mudar a fralda de um bebê depois de uma
sessão de descarrego: O fedor nauseabundo!
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