O advogado de defesa de um grupo de cidadĂŁos angolanos, da provĂncia do Huambo, acusado de planear atos terroristas durante a visita do ex-Presidente norte-americano Joe Biden, afirmou hoje que os seus constituintes se declaram inocentes.
AntĂłnio Oliveira Nasso, do EscritĂłrio de Advogados David Mendes &
Associados, Ă© o responsĂĄvel pela defesa dos seis acusados, que se encontram
detidos na comarca do Huambo, hĂĄ quase trĂȘs meses.
Segundo o advogado, os coarguidos João Deussino, Domingos Muecålia, Crescenciano Kapamba, Arão Kalala, Adelino Bacia e Francisco Nguli estão acusados dos crimes de organização terrorista, de aquisição ou posse de substùncias explosivas, tóxicas e asfixiantes, de fabrico, tråfico, detenção e alteração de armas e muniçÔes proibidas e de associação criminosa.
AntĂłnio Nasso criticou a exposição Ă imprensa do caso, alegando violaçÔes Ă
presunção de inocĂȘncia dos seus constituintes.
No sĂĄbado, as autoridades angolanas anunciaram o desmantelamento de um
grupo subversivo que pretendia atacar alvos estratĂ©gicos, como a PresidĂȘncia da
RepĂșblica, a refinaria de Luanda e a embaixada norte-americana durante a visita
do ex-Presidente norte-americano Joe Biden, tendo apreendido 10 explosivos.
Em declaraçÔes à imprensa, o porta-voz do Serviço de Investigação Criminal
(SIC) Manuel Halaiwa adiantou que o grupo liderado por JoĂŁo Deussinho, de 34
anos, autointitulado presidente do movimento revolucionĂĄrio Frente Unida de
Reedificação da Ordem Africana (FUROA) pretendia derrubar o Governo angolano e
instaurar um novo regime, estando tambĂ©m entre os detidos um agente da PolĂcia
Nacional e um funcionårio do Ministério da Justiça.
"Nessa perspetiva, entendemos que os factos deveriam ser esclarecidos
no momento da audiĂȘncia de julgamento", referiu.
O causĂdico destacou a celeridade do processo, acreditando que "dentro
de poucos dias poderĂŁo ser notificados sobre a pronĂșncia e data provĂĄvel para o
julgamento".
O advogado frisou que tem sido constante o contacto com os detidos.
"NĂŁo passo mais de dois dias sem ir lĂĄ visitĂĄ-los", disse,
acrescentando que, depois da conferĂȘncia de imprensa das autoridades angolanas,
foi conversar com seus constituintes para os "acalentar".
Questionado sobre o que dizem os coarguidos relativamente às acusaçÔes a si
imputadas, António Nasso disse que "explicaram algumas situaçÔes",
que preferiu nĂŁo adiantar, "sob pena de violar algum princĂpio, no caso,
segredos profissionais".
"Mas eles explicaram muita coisa e por isso convidamos a assistirem ao
julgamento para ouvirem em primeira mĂŁo e na prĂłpria pessoa. Presumo que estĂŁo
inocentes, nĂŁo sĂŁo totalmente culpados", referiu.
Na conferĂȘncia de imprensa, o porta-voz do SIC disse que a organização com
ligaçÔes internacionais, surgida em 2017, na provĂncia do Huambo, começou a ser
monitorizada em outubro e pretendia realizar açÔes terroristas para
desestabilizar a ordem polĂtica e social do paĂs, criando pĂąnico durante a
visita oficial do ex-lĂder norte-americano Joe Biden, que visitou Angola no
final do ano passado.
Foram identificados "indĂcios da existĂȘncia de uma suposta organização
subversiva de matriz angolana com provåveis ramificaçÔes no exterior do
paĂs", afirmou.
Durante a investigação, que contou com ĂłrgĂŁos de inteligĂȘncia nacionais e
internacionais e das Forças Armadas Angolanas, identificou-se "uma
estratégia" para atingir algumas instituiçÔes e também objetivos
estratĂ©gicos do Estado angolano, nas provĂncias de Luanda e do Huambo.
Os engenhos explosivos que seriam usados nos ataques terroristas incluĂam
granadas de mĂŁo de origem russa, alemĂŁ, britĂąnica e portuguesa e nĂŁo pertencem
ao arsenal das Forças Armadas Angolanas, sugerindo que foram adquiridos de
forma clandestina, indiciou o mesmo responsĂĄvel.
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