A análise do processo de avaliação externa implementado pelo INAREES evidencia preocupações relevantes tanto na abordagem pedagógica, quanto na filosófica. Vários pontos críticos surgem quanto à adequação e eficácia do modelo adoptado, especialmente considerando as especificidades do contexto educacional angolano e suas demandas.
Vamos explorar cada um dos tópicos da respectiva
avaliação numa perspectiva analítica. 1. INDICADORES DE AVALIAÇÃO E
CONTEXTUALIZAÇÃO Os 11 indicadores definidos pelo INAREES para avaliar as
Instituições de Ensino Superior (IES) – incluindo PDI, gestão, currículo, corpo
docente e discente, entre outros – estabelecem um quadro completo de critérios
para a acreditação. No entanto, a exigência de 100% de docentes efectivos,
preferencialmente mestres ou doutores, apresenta-se como uma condição rígida e
difícil de ser cumprida, sobretudo para as IES privadas.
Do ponto de vista pedagógico, essa uniformização é
essencial para a equivalência de competências, permitindo mobilidade e
intercâmbio académico. Filosoficamente, a ausência dessa verificação demonstra
uma visão fragmentada da qualidade de ensino, desconsidera a importância de uma
formação coesa e de fácil adaptação entre as instituições.
3. CAPACITAÇÃO DOS AVALIADORES Outro aspecto crítico é
a falta de clareza e preparação dos avaliadores. A ausência de critérios claros
para a selecção e formação dos avaliadores é um factor que afecta directamente
a objectividade e a consistência das avaliações. Pedagogicamente, é imperativo
que o processo avaliativo seja conduzido por profissionais bem preparados e
alinhados com os objectivos do processo. A preparação insuficiente dos
avaliadores pode distorcer os resultados, prejudicar a instituição avaliada, injustamente.
Filosoficamente, isso põe em questão a legitimidade do processo, que deveria
ser conduzido com integridade e competência.
5. CRIAÇÃO DE UMA COMISSÃO NACIONAL DE AVALIAÇÃO E
ACREDITAÇÃO
A sugestão de criar uma Comissão Nacional de Avaliação
e Acreditação dos Cursos é relevante, pois um grupo de trabalho permanente e
bem treinado proporcionaria maior coerência e consistência ao processo de
acreditação. Pedagogicamente, um grupo permanente teria a vantagem de
desenvolver uma compreensão aprofundada das IES e de seus desafios, promover um
processo contínuo de melhoria. Filosoficamente, essa abordagem reflecte o
conceito de qualidade como um processo colaborativo e inclusivo, em vez de um
mecanismo punitivo ou meramente avaliativo.
Finalmente, o facto de as IES serem responsáveis por
arcar com as despesas de alimentação dos avaliadores pode comprometer a
imparcialidade e isenção do processo. Essa situação pode gerar conflitos de
interesse, comprometer a objectividade dos avaliadores. Do ponto de vista
pedagógico, é essencial que a avaliação ocorra sem interferências externas para
garantir sua integridade. Filosoficamente, essa questão revela a necessidade de
uma estrutura de avaliação independente, onde o valor da imparcialidade seja
plenamente respeitado, protegendo o processo contra influências indevidas.
CONCLUSÃO A avaliação externa é essencial para o fortalecimento e melhoria da
qualidade de ensino, mas deve ser implementada de maneira justa e adaptada ao
contexto específico de Angola.
Para isso,
recomenda-se que o INAREES e o MESCTI trabalhem juntos para revisar e adaptar o
modelo actual, incluir flexibilização de critérios, uniformização de programas,
capacitação de avaliadores, logística e garantia de autonomia e imparcialidade.
Essa revisão não só tornará o processo de avaliação mais justo e eficaz, mas
também contribuirá para um ensino superior mais inclusivo e adaptado às
necessidades e possibilidades do contexto angolano.
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