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O logro da recuperação de activos - Jorge Eurico

Aladim do conto das “Mil e Uma Noites” é um jovem pobre e preguiçoso. Irresponsável e ladrão de rua. Roubava para sobreviver. Ficção! Venhamos a nós! Angola existe como Estado emancipado há meio século. Mais do que Mil e Uma Noites. O País tem os seus Aladins. Depois transfiguraram-se em Patos Bravos. A maior parte deles era pobre e irresponsável. Intelectual e politicamente débeis. Serviu-se da política para parecer gente. Mas mesmo assim são traídos pelas suas origens sociais e essências culturais. Realidade!

Andam em bólides top-de-gama sem nunca antes terem tido carta de condução de sapatos. Usam fatos da Stuart Hughes Diamond ou Cavalier Rockfeller Vanquish II sem banhar-se em condições. Depois fedem! Tresandam! Fedem à ignorância. Tresandam à falta de decência cívica. Destoam da vestimenta que envergam. A indumentária não é uma extensão do seu ser e saber. É uma máscara social. Um adereço! Quando abrem a boca é um escândalo escandaloso. São os Aladins do nosso tempo. São os Patos Bravos angolanos! É mentira? É verdade!

Os Aladins roubaram que se farta dos cidadãos! Aproveitaram-se do tráfico de influência política como ninguém. Punham a mão na cumbuca de forma irrestrita. Era fartar vilanagem! Era a farra da turma do “gasta-gasta”. Era uma diversão sem fim. Nisto chegou João Lourenço e “se acabou lá diversion” de um grupo. Entrou outro colectivo em cena. Franqueou-lhes as portas do poder. Comem tudo. Não deixam nada. Bebem vinho novo. Enchem as tulhas. Não deixam nada. Sequer migalhas. Apenas fome relativa. É a vez deles! Da nova turma. Dos governantes de turno.

O Executivo alega ter recuperado dos nossos “Aladins”, Patos Bravos e similares mais de 19 mil milhões de dólares em valores e bens no âmbito da recuperação de activos no combate à corrupção de 2017 até à presente data. Cerca de sete mil milhões de dólares foram recuperados dentro do país. Doze mil milhões foram recuperados no exterior. Entre os activos recuperados estão participações sociais em empresas e hotéis. Apartamentos e condomínios. Fábricas e vivendas. Lojas e escritórios.

Mais de 19 mil milhões de dólares?! É muito dinheiro! É muita fruta! Mas o cidadão-eleitor o não vê. Nunca o viu. Só ouve falar. Tal como Zeca Pagodinho que sou ouve falar em caviar. Nunca viu. Nunca comeu. O cidadão-eleitor não sabe quando, onde e como esses dinheiros foram ou são aplicados. Cidadão-eleitor honesto angolano nenhum pode dizer que a recuperação de activos teve impacto directo na sua vida. Que tenha contribuído para a melhoria da sua condição social e econômica.

O repatriamento de capitais e activos aos nossos Aladins e Patos Bravos é feito única e exclusivamente pelas autoridades judiciais em estreita e secreta sintonia com o Executivo. A Sociedade Civil deveria ser envolvida nesse processo. Está de fora. Sempre esteve. Agora há suspeição de toda a sorte. Fala-se em condução não transparente do processo de recuperação de activos. Há suspeitas de toda a sorte. Para aplacar os ânimos, arranjou-se uma cabra expiatória: Eduarda Rodrigues! Há (muito) coelho na mata da recuperação de activos. E muito logro!

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