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Eleições na JMPLA:" Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" - Luís de Castro

Não quero colocar a foice em ceará alheia. Entretanto, a minha repulsa gravita em torno dos partidos tradicionais angolanos, baseado no facto de que a meritocracia é sempre e/ou é preterida, em primeira instância, pelo cordão umbilical.

Ou seja, quando a relação consaguínea não é o primeiro factor de escolha do "candidato", significa que o "eleito" deverá pautar por uma obediência canina as directrizes de quem lhe colocou no topo da pirâmide. Aliás, tal como diz a sabedoria popular africana, "nenhum cágado chega ao topo da árvore sozinho".


Aliás, a história não mente. Havia tempo em que para se chegar ao cargo de Ministro, Vice-ministro, Governador ou, até mesmo, Chefe de departamento de distintas instituições públicas, tinhas de ter o sobrenome Dos Santos, Vieira Lopes, Vieira Dias e afins.

Actualmente, apenas mudaram-se os protagonistas, mas com os mesmos "modus operandi". Basta olhar para o organograma das principais forças políticas que pontificam na Assembleia Nacional e/ou no Executivo.

Porém, hoje, assistismos com tamanha tristeza a corrida pelo cadeirão máximo da JMPLA, ao ponto de pungir o coração ao assistir todo o enredo à volta da realização do Congresso que vai eleger o novo Líder do braço juvenil do partido no poder.

A frustração toma conta do âmago dos candidatos que têm um percurso invejável nas estruturas de base do partido, mas que pecam por não terem um sobrenome "abre-latas", capaz de conquistar antecipadamente o título de Primeiro Secretário Nacional da JMPLA.

Caso para dizer que, o rei vai nu. Ou melhor dito, o nepotismo vai nu. Tal como se diz pela boca pequena, a meritocracia nunca existiu no vocabulário do partido que governa o país há 49 anos.

Os partidos tradicionais, sobretudo, o MPLA, deviam deixar que todos concorram no mesmo pé de igualdade, sem olhar para o sobrenome do concorrente. Numa só palavra, "daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus".

Portanto, é importante que haja efectivamente maior democratização interna das forças partidárias em Angola. Visto que, o país, assim, como os partidos políticos não são propriedades familiares.

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