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Tanaice recusa pedido de perdão ao PR em troca de liberdade

 O ativista angolano Gilson da Silva Moreira, mais conhecido como Tanaice Neutro, rejeitou uma proposta que lhe foi apresentada para pedir perdão público ao Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço, em troca da sua libertação. Em um vídeo gravado da cadeia, onde está detido há um ano, Tanaice Neutro explicou as circunstâncias em que recebeu a oferta para a sua soltura.

"Os intermediários do PR João Lourenço vieram falar comigo, dizendo que eu não estou a sair da cadeia agora porque não pedi desculpas públicas ao Presidente da República", revelou o ativista, reafirmando que não aceitará a exigência. Para Tanaice, "quem deve desculpas a mim, à minha família e ao povo angolano é o senhor João Lourenço, porque não fui eu que prometi melhorar o que está bom e corrigir o que está mal."

O ativista criticou a gestão atual do país, comparando-a ao governo de José Eduardo dos Santos. Segundo ele, no tempo de Santos, a maioria dos angolanos tinha emprego ou vivia de biscates, mas sob o governo de João Lourenço, até essas oportunidades diminuíram. "A Isabel dos Santos dava muito mais emprego do que o próprio governo, mas ela está a ser perseguida, teve de sair do país, e as suas empresas estão fechadas, deixando muitos desempregados", afirmou Tanaice, referindo-se às ações de combate à corrupção do atual presidente.

Além de Tanaice Neutro, outros ativistas presos incluem Adolfo Campos, Hermenegildo Victor José (conhecido como Gildo das Ruas) e Abraão Pedro Santos (conhecido como Pensador). Os quatro foram detidos em 16 de setembro de 2023, antes de uma manifestação em solidariedade aos mototaxistas em Luanda. Inicialmente, foram condenados a dois anos e cinco meses de prisão por desobediência e resistência às ordens, mas as acusações foram posteriormente transformadas em crimes de ultraje e injúria ao Presidente da República.

A manifestação buscava protestar contra as restrições à circulação de mototaxistas nas principais estradas de Luanda. Advogados de defesa afirmam que não havia provas suficientes para sustentar as acusações, e a condenação tem gerado preocupações sobre a liberdade de expressão e os direitos humanos em Angola. Organizações como a Anistia Internacional têm pedido a libertação imediata dos ativistas.

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