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Carta aberta ao Presidente da República - Nelson Mucazo Euclides

 Exmo. Senhor Presidente da República de Angola, João Manuel Gonçalves,

Espero que esta carta o encontre bem e com saúde. Dirijo-me a Vossa Excelência com respeito e consideração, reconhecendo o papel fundamental que desempenha na condução dos destinos do nosso país.

É com profunda preocupação que me dirijo a si para expressar algumas inquietações que partilho em nome de muitos cidadãos, particularmente os habitantes da Província do Moxico. Como cidadãos angolanos, temos o direito constitucional à informação, um dos pilares fundamentais da democracia e do exercício pleno dos nossos direitos.

Ao longo dos anos, temos testemunhado a exploração dos recursos naturais da nossa região, muitas vezes sem transparência ou prestação de contas à população local. A terra que habitamos foi-nos deixada pelos nossos antepassados, e carrega em si a história e a identidade do nosso povo. Merecemos respeito, valorização e ser informados sobre como os recursos extraídos das nossas terras são utilizados e quais os benefícios reais que são gerados para a comunidade local.

A chegada de investidores estrangeiros, como os americanos no Moxico, para explorar cobre nas zonas do Kalunda,desperta em nós a necessidade premente de compreender e participar activamente nas decisões que impactam directamente as nossas vidas e o futuro das gerações vindouras. Não podemos ser tratados como seres desprovidos de voz e vontade própria. Moxico, assim como todas as regiões de Angola, merece ser tratada com respeito, dignidade e justiça.

Excelência, a falta de informação e transparência gera desconfiança e descontentamento na população. Precisamos de respostas claras e honestas sobre o destino dos recursos naturais da nossa região e como estes estão a ser utilizados para beneficiar o desenvolvimento local e nacional.

Solicitamos, com humildade e determinação, que seja estabelecido um diálogo aberto e inclusivo com os cidadãos do Moxico e de toda Angola, garantindo a participação ativa da comunidade na definição dos rumos e das políticas que regem o uso dos recursos naturais do nosso país.

Confiamos na sua sensibilidade e compromisso com a justiça e o bem-estar do povo angolano. Estamos cansados de ser ignorados e subestimados. Moxico merece mais, merece respeito e consideração.

Esperamos ansiosamente por uma resposta e por ações concretas que promovam a transparência, o respeito pelos direitos dos cidadãos e o desenvolvimento sustentável de Angola.

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