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Desigualdades entre países ricos e pobres: Apresentado novo relatório do desenvolvimento humano (RDH) 2023-2024

Este relatório abre uma nova trilogia de relatórios sobre o Desenvolvimento Humano que irá explorar mais profundamente as camadas de incerteza identificadas no último RDH: como lidar com a questão da polarização (2023-24), moldar o nosso futuro digital partilhado para fazer avançar o Desenvolvimento Humano (2025) e mobilizar as aspirações humanas para navegar no Antropoceno (2026).

A redacção 

O relatório apresenta caminhos para o futuro que se baseiam na reimaginação da cooperação de forma a não assumir interesses ou opiniões divergentes, mas trabalhar com elas para gerar bens públicos globais - onde todos nós podemos beneficiar. Igualmente defende que o avanço da ação colectiva internacional é dificultado por um «paradoxo da democracia» emergente: apesar de nove em cada dez pessoas em todo o mundo apoiarem a democracia, mais de metade dos inquiridos em sondagens globais manifestam o seu apoio a líderes que a podem minar, contornando as regras fundamentais do processo democrático, de acordo com os dados analisados no relatório. 

No documento refere que metade das pessoas inquiridas em todo o mundo referem ter pouco ou nenhum controlo sobre as suas vidas e mais de dois terços consideram ter pouca influência nas decisões do seu governo. Estima-se que o IDH atinja níveis históricos em 2023, após declínios acentuados em 2020 e 2021. 

 As desigualdades globais são agravadas por uma concentração económica substancial. Como se refere no relatório, aproximadamente 40 por cento do comércio global de mercadorias concentra-se em três ou menos países e, em 2021, a capitalização bolsista de cada uma das três maiores empresas tecnológicas a nível mundial ultrapassou o produto interno bruto (PIB) de mais de 90 por cento dos países nesse ano.

“O aumento da lacuna de desenvolvimento humano evidenciada pelo relatório aponta para uma inversão da tendência de duas décadas de redução constante das desigualdades entre países ricos e pobres. Apesar da profunda interligação das nossas sociedades globais, estamos a ficar aquém das expetativas. Devemos potenciar a nossa interdependência e as nossas capacidades para enfrentarmos os desafios comuns e existenciais e para garantir que as aspirações das pessoas sejam satisfeitas”, afirmou Achim Steiner, diretor do Programa da Nações Unidas para o Desenvolvimento.

 O relatório destaca a forma como a interdependência global está a ser reconfigurada e apela a uma nova criação de bens públicos globais. Propõe quatro áreas de ação imediata: Bens públicos a nível planetário, à medida que enfrentamos os desafios sem precedentes do Antropoceno ; bens públicos globais digitais, para uma maior equidade no aproveitamento das novas tecnologias com vista a um desenvolvimento humano equitativo; mecanismos financeiros novos e alargados, incluindo uma nova via de cooperação internacional que complemente a ajuda humanitária e o apoio tradicional ao desenvolvimento dos países com um baixo rendimento; redução da polarização política através de abordagens de governação centradas na valorização das vozes das pessoas no que respeita à deliberação e à luta contra a desinformação.

 Neste contexto, o relatório defende que o multilateralismo desempenha um papel fundamental, uma vez que os compromissos bilaterais não têm capacidade para abordar a natureza irredutivelmente planetária do fornecimento de bens públicos globais.

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