O Secretário de Informação e Propaganda do MPLA, Esteves Hilário, reuniu-se com jornalistas na passada sexta-feira, tentando transmitir uma imagem falsa de que o MPLA está estável, forte e unido, insistindo repetidamente que não existem problemas entre os camaradas.
A postura de Esteves Hilário evidencia claramente que o Presidente dos Camaradas, João Lourenço, e os seus colaboradores mais próximos, como Luísa Damião, Vice-Presidente, e Paulo Pombolo, Secretário-Geral, bem como os primeiros secretários provinciais, há muito tempo perderam o controlo do que se passa na base. Estamos a testemunhar, por todo o país, situações alarmantes nas estruturas de base durante o processo de balanço e renovação de mandatos.
Há relatos de membros do governo a instruir os primeiros secretários dos Comités de Acção do Partido (CAP) a adiar assembleias de balanço e renovação de mandatos devido às suas agendas. Por exemplo, Dalva Ringonte, Ministra de Estado, ao viajar para os EUA, exigiu o adiamento da assembleia do CAP em Talatona, do qual é membro. Existem vários casos semelhantes.Manuel Homem, 1º Secretário do Comité Provincial de Luanda, foi facilmente aldrabado na semana passada, tendo deixado makas no município de Belas. Durante uma visita a um CAP, 80% dos membros presentes eram jovens pedreiros do Grupo Boa Vida, mobilizados de última hora para agir como militantes com direito a voto na eleição da direcção da estrutura de base.
De Malanje, surge informação sobre uma disputa entre dois candidatos ao cargo de primeiro secretário do CAP, devido à venda das instalações do partido pelo cessante, o que culminou na falta de espaço para a realização da assembleia. Já no Uíge, militantes de mais de três CAP renunciaram às suas filiações em favor do 'galo negro'.
Em Conda, Cuanza Sul, ocorreu um incidente invulgar: uma camarada sem comprovação de militância foi escolhida para liderar um CAP, mas a assembleia foi adiada pela sua ausência. A maioria dos militantes recorreu a métodos espirituais, como enviar 'tala' à escolhida, que está a receber tratamento tradicional. Enquanto isso, no Cuanza Norte, mais de 70% dos supostos militantes envolvidos nas assembleias são jovens motociclistas atraídos pela oportunidade de pagamento fornecida pelo partido, com a concordância do primeiro secretário.
No Cazenga, uma Segunda Secretária de um CAP, também professora numa instituição pública, está a corromper militantes em troca de favores para assumir o posto de primeira secretária, com o conhecimento do Comité Provincial, que até agora se mantém em silêncio.
No Huambo, o jovem Luís Castro, responsável por um novo projeto político juvenil no país, patrocinado pelo camarada Norberto Garcia, está a subornar jovens militantes do MPLA com fundos públicos, e o GPH é incapaz de impedir tais acções, o que enfraquece ainda mais o já debilitado MPLA naquela parcela.
É difícil de aceitar, mas esta é a realidade do nosso glorioso MPLA. Em muitas zonas do país o partido está dividido e o Camarada Presidente está a ser enganado ou não quer ver a verdade. É urgente que a Direcção e figuras de referência reconheçam a situação e ajam com coragem para salvar o Partido.
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