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Etona constrói Centro Intercultural de Artes Plásticas

 A construção de um Centro Intercultural de Artes Plásticas, no município de Cacuaco, em Luanda, é o grande desafio do artista plástico António Tomás Ana “Etona”, no âmbito das novas políticas culturais do seu projecto social e artístico.

 O antigo secretário-geral da União Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP), Etona, confirmou que não abandonou a instituição.

Discípulo do mestre Vitex,  Etona disse que começou a perceber na altura, quando era o coordenador da Brigada Jovem dos Artistas Plásticos da UNAP, que a arte não é só pintar, fazer bonecos ou esculpir madeira ou bronze, mas, sim, muito mais do que isso, por ter uma essência profunda para produzir obras.

Depois da morte de Vitex, em 1993, o artista começou a viver a experiência do seu mestre, com viagens no estrangeiro que lhe deram outra visão para criar condições sobre políticas de integração no mercado.

Quanto ao centro intercultural, avançou que tem 90 por cento de execução física, estando agora em fase de acabamentos e apetrechamento do novo espaço, que vai substituir a galeria que tem na Chicala I. Informou que o novo centro cultural está concebido para acolher eventos internacionais, exposições de artes plásticas, seminários e formação de criadores de diversas disciplinas.

Segundo Etona, este projecto estava para ser desenvolvido na UNAP, mas ganhou mais força depois de ter recebido conselhos úteis da madrinha, a esposa do malogrado Vitex.

"Vitex deixou-me pobre, porque a única herança que deixou eram as obras de arte, que acabaram em muito confusão,” disse.

Não querendo incorrer ao mesmo erro, Etona explicou que deu prioridade aos seus próprios projectos culturais, que já começaram a dar frutos, porque a obra de escultura que a vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, ofereceu ao músico e compositor Matadidi Mário Bwana Kitoco, no mês passado, no Centro de Conferências de Belas (CCB), em homenagem ao músico, pela valorização da cultura nacional, é do artista Etona.

Para Etona, foi uma grande honra ser escolhido pelo MPLA, através do projecto "Heróis da Canção Revolucionário”, desenvolvido pelo Gabinete de Cidadania e Sociedade Civil, a produzir uma obra de arte e oferecer ao lendário músico Matadidi.

Para o escultor, este gesto é mais do que leiloar uma obra de arte,  porque a peça foi oferecida a uma grande figura do music hall nacional, homem de cultura, que durante a sua carreira levou a bandeira de Angola a vários pontos do mundo, através da música.

Outro grande objecto, disse, é deixar um património cultural para o povo angolano. Quanto à inauguração do Centro Intercultural de Artes Plásticas, Etona assegura que está previsto para este ano.

 
Estado actual das artes plásticas no país 

Sobre o estado actual das artes plásticas no país, o actual vice-presidente da Mesa da Assembleia da UNAP disse que há pouca produção, porque Angola é um país com grande potencial e, por isso, devia ter muito mais obras.

O artista disse que um dos motivos para isso é que a maioria dos criadores de referência no mercado nacional está dar aulas em universidades.

Na sua óptica, o artista assalariado produz muito pouco,  por saber que no final do mês tem o seu vencimento garantido. Se não se mudar de mentalidade, acrescenta, o mercado que já é pobre, vai ficar cada vez mais pobre.

Outro problema, é a invasão de artistas sem credibilidade que estão a expor no país. Segundo Etona, há no país pouca produção para servir de análise em termos processo avaliativa para o desenvolvimento da arte em si. "Não temos praticamente galerias no país onde possamos ver uma exposição bem montada no tempo e no espaço”, disse.

O artista reconheceu, todavia, que tem havido um esforço muito grande por parte de alguns artistas para a realização de exposições individuais e colectivas.

Etona exortou os homens com responsabilidades governativas a visitarem com alguma frequência os atelieres dos artistas, para assim tomarem conhecimento de facto sobre o que se faz de arte no país. Isto, acrescentou, vai fazer com que os pedintes deixem de ir aos gabinetes, porque muitos deles não expõem.

"Porque quem trabalha arte, sabe que produzir uma obra, em especial a de escultura, leva tempo, o que impossibilita de estar em gabinetes a pedir apoio. Muitos desses artistas que produzem de facto, não são visto como artistas”, lamentou Etona.

O pintor reconheceu, igualmente, que na nova geração de artistas, os que estão a despontar no mercado são aqueles que beberam bem das experiências dos "grandes kotas, de artistas plásticos como Viteix. Muito deles, disse a concluir, passaram pela UNAP, assim como trabalharam em ateliers de artistas com grandes referências nacionais e internacionais.

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