Roçaria à heresia uma afirmação que comparasse Portugal a um paraíso terreno. Como muitos países no mundo, incluindo europeus, em Portugal a vida não é um mar de rosas para todos os que nele habitam. Há pessoas, sobretudo imigrantes africanos e asiáticos, que passam por dificuldades.
Mas, contrariamente ao que se passa em Angola, em Portugal ninguém morre à fome. Como outros países europeus, Portugal tem instituições que acodem os mais desfavorecidos. Portugal tem instituições que distribuem, gratuitamente, alimentos aos mais carenciados. Igrejas, as mais diversas, Juntas de Freguesias, a Santa Casa da Misericórdia, espalhada por todo o território, ou o Banco Alimentar providenciam cestas básicas para os menos afortunados.
A poucos dias da chegada do Presidente João Lourenço a Portugal, para as comemorações do 50.º aniversário da Revolução dos Cravos, a Movangola, um braço de propaganda do Chefe de Estado angolano, anda a distribuir pela Lisboa “profunda” cestas básicas de que ninguém carece.Esta semana, membros da Movangola, com o seu líder, António Swanga à cabeça, andaram pela área lisboeta da Quinta do Mocho distribuindo cestas básicas, num exercício propagandístico que antecede a chegada de João Lourenço.
Como não podia deixar de ser, a encenação teve cobertura da Televisão Pública de Angola. Por ocasião da sua proclamação, a Movangola reivindicou como um dos objectivos “ajudar a materialização do programa do Executivo, sobretudo no combate à fome e à pobreza”.
Virar as costas a angolanos que tombam diariamente à fome no País para privilegiar comunidades diaspóricas, que têm várias instituições a quem recorrer, é um exercício satânico.
Com esse exercício falho, a Movangola pretendeu desencorajar os angolanos que querem, desesperadamente, escapar à miséria que se alastrou pelo País. Quando dinheiro público é usado para causas pessoais significa que o País já não se consegue reerguer do fundo do poço.
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