Em 28 de Março de 1992, um grupo ousado de jornalistas, vindo quase todos de órgãos de comunicação social públicos (únicos existentes até então) desafiou-se a si mesmo e constituiu o primeiro sindicato de Angola independente, o que iria custar o emprego de muitos dos seus fundadores, como lembrou Reginaldo Silva, um dos seus pioneiros, no elogio fúnebre que prestou ao mais velho Siona Casimiro.
O Sindicato dos Jornalistas Angolanos(SJA) "nasceu " com selo de morte. A acta constitutiva desapareceu no momento da sua proclamação, segundo relatos dos seus "Founding Fathers". Os seus Estatutos Orgânicos tiveram de aguardar por 28 anos (apenas em 2018)para serem publicados em Diário da República, sem qualquer explicação fundada.
Era impensável nos seus primeiros anos possuir representações em qualquer órgão, público, sobretudo. 32 anos depois, os tempos são outros, de maior tolerância, porém, os preconceitos assim como a tentativa de se conotar os seus responsáveis a interesses inconfessos ou políticos(não se percebe qual seja o conceito de político) continuam tal como no primeiro dia em que se conheceu a direcção inaugural.
A diferença é que essas conotações são hoje alimentadas por pessoas que alguma vez vestiram a camisola do Sindicato dos Jornalistas Angolanos. O tal exercício de conotação faz parte de intenções não sossegadas de se deitar abaixo o Sindicato dos Jornalistas. O Sindicato dos Jornalistas Angolanos continua, entretanto, fiel ao seu objecto ontológico: defender a Liberdade de Imprensa e os Direitos Laborais dos seus filiados.
Liberdade de Imprensa significa diversidade de órgãos e pluralidade de opinião. Ou seja, a presença de diversas vozes sobre o mesmo assunto. Independência dos órgãos (face ao poder político e económico) e dos jornalistas face às fontes de informação.
Dito de outro modo, só é jornalismo quando este oferece ao cidadão todos os factos de interesse público, reunindo todas as partes com interesses atendíveis. Essa é a essência do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, legada pela Declaração de Windhoek de 1991, a mesma que sustenta o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.
Essa é a Liberdade de Imprensa que o Sindicato dos Jornalistas Angolanos professa,ontem como hoje, sem alterar uma vírgula, e qualquer jornalista que se identifique como tal não pode professar outra. Honra seja feita aos seus fundadores.
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