Os órgãos de Comunicação Social Privados no país, continuam a demitir jornalistas por alegarem falta de recursos financeiros para cobrir algumas necessidades correntes. Outros profissionais preferem voluntariamente abandonar o barco por alegadamente não terem acesso a um salário condigno comparado a de um Professor, Advogado e ou Médico.
Muito recentemente mais de quatro jornalistas da TV Zimbo, dizem terem
abandonado a estação por falta de condições laborais. Em 2022 por exemplo, o
canal ZAP Viva que estava suspenso durante muito tempo, viu-se obrigado a
encerrar e despedir dezenas de funcionários, na sequência da decisão do
Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação
Social, que obrigou a suspender os canais alegando “inconformidades” depois da
Vida TV, que pôs fim às suas atividades em julho de 2021 deixando no desemprego
mais de 300 profissionais. A par destes que deixamos de ouvir e ver por
intermédio dos ecrãs, por onde andam os demais e o que fazem?
Às Universidades e os Institutos Superiores que ministram cursos de Comunicação Social, Ciências da Comunicação e Jornalismo, lançam anualmente novos licenciados no mercado de trabalho que se mostra cada vez mais agressivo em termos de competitividade. A pergunta que não se cala é: o que fazem propriamente estes profissionais?
O Sindicato dos Jornalistas angolanos e outros associados têm estado a
lutar para que o profissional tenha um salário condigno. Qual é finalmente o
papel do jornalismo na sociedade- um campo aberto que todos os agentes sociais
podem mobilizar para as suas estratégias comunicacionais ou um campo fechado ao
serviço do “status quo”?
Atualmente, os jornalistas dos órgãos de comunicação social públicos, já
aposentados encontram-se a trabalhar nas rádios e televisões privadas, dificultando
de que maneira a abertura para a mais nova geração de profissionais recém
formados que buscam esperançosos por uma oportunidade de colocarem em prática o
pouco ou tudo o que sabem. Se um jornalista sénior tem um segundo emprego como
suplemento aos baixos vencimentos, para além desse efeito negativo, os baixos
salários tem estado a induzir alguns jornalistas a aceitarem subornos.
PORTAIS DE NOTÍCIAS SEM REGULAMENTO
A criação de sites de notícias está a rondar entre 200.000.00 à
300.000.00kz, mesmo com outros custos adicionais mensalmente. Por conta elevado
custo de vida no país, os jovens jornalistas preferem se reinventar de formas a
suportarem os seus portais de notícias, exigindo assim da fonte, dinheiro por
cada divulgação da matéria de seu interesse.
Pelo que se sabe, esses meios raríssimas vezes procuram cruzar as notícias
o que se traduz como uma alegada forma de intimidar a parte acusada do cenário,
atropelando assim a Ética e a Deontologia profissional, enquanto aguarda-se do
Estado uma lei que regule os sites de notícias.
Na cultura jornalista, a relação entre fonte e jornalista é sagrada. Pelo
que, tal relação, manifestada na importância que a comunidade jornalística dá
ao direito ao sigilo profissional, o jornalista não deve em hipótese alguma,
revelar a identidade da fonte, já que a violação deste princípio por parte do
jornalista, incorre a ações gravosos por lei.
JORNALISTAS GREVISTAS E O SILÊNCIO DO EXECUTIVO
O que está em causa não é propagação dos órgãos de comunicação no país, mas
sim a quem pertencem tais órgãos, para quem prestam tributo e como são
exatamente os conteúdos por estes veiculados.
Os jornalistas desde sempre estiveram e continuam na frente da luta pela
liberdade perante qualquer tentativa silenciamento e limitações impostas, como
foi sabiamente demonstrado nos anos 90, em Portugal, quando jornalistas do
parlamento efetuaram um boicote para impedir uma tentativa por parte do partido
na altura maioritário de impedir os seus movimentos no hemiciclo.
A independência e autonomia no exercício da profissão jornalística são
fundamentais para que tenhamos bons resultados.
O exímio jornalista da Televisão Pública de Angola, Alexandre Cose, achou
melhor trair a profissão com advocacia, a mesma posição teve José Kundy,
atualmente Pastor, Osvaldo Manual e Pedro Tiago com assessoria, respetivamente.
O então Diretor de informação da Rádio Televisão Portuguesa-RTP, José
Rodrigues dos Santos, terá afirmado que a luta em prol da independência é
constante, mesmo em países com uma longa tradição de democracia. O executivo
angolano defende o aumento faseadamente do salário mínimo, asfixiando assim a
classe.
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