A agência de notação financeira Standard & Poor's (S&P) decidiu manter o 'rating' de Angola em B-, mantendo também a perspetiva sobre a evolução da economia deste país africano em Estável, considerando que as vulnerabilidades continuam elevadas.
"A grande utilização de dólares e a falta de oferta de moeda externa,
com o Governo a dar prioridade aos pagamentos de dívida externa, vai impedir
uma melhoria mais substancial nas condições económicas gerais", escrevem
os analistas na nota enviada aos investidores na sexta-feira à noite, na qual
anunciam a manutenção da opinião sobre a credibilidade do crédito soberano em
B-, abaixo da recomendação de investimento.
A perspetiva de evolução estável equilibra as grandes necessidades de
financiamento externo e os riscos de financiamento nos próximos 12 meses, com
os preços positivos do petróleo e reservas relativamente estáveis, explicam os
analistas da S&P, notando que a credibilidade do crédito soberano e a
estabilidade económica estão "altamente dependentes" de um ambiente
positivo no setor e de uma produção que se mantenha acima de 1 milhão de barris
diários.
As reformas para reduzir a dependência do petróleo "têm feito um
progresso lento", com o Governo a dar "passos significativos nas
políticas nos últimos anos para reduzir os desequilíbrios económicos, gerir os
próximos pagamentos de dívida e melhorar a produção interna não petrolífera,
mas os sucessivos choques externos as melhorias meramente marginais na
capacidade de produção não petrolífera impediram uma diversificação
significativa", diz a S&P.
Até 2027, alertam, a oferta de moeda externa vai continuar limitada devido
aos elevados pagamentos da dívida e ao pequeno aumento da produção petrolífera,
o que vai limitar a capacidade do Governo para apoiar a economia, afetada por
sucessivos choques, elevada inflação e ainda a recuperar dos efeitos da
recessão entre 2016 e 2020.
O cenário macroeconómico previsto para Angola pela S&P aponta para um
crescimento médio do PIB de 1,4% ao ano até 2027 num contexto em que os
pagamentos de dívida ultrapassam os 10,1 mil milhões de dólares (9,3 mil
milhões de euros) este ano e 9,9 mil milhões de dólares (9,1 mil milhões de
euros) em 2025, com os pagamentos de dívida comercial em moeda estrangeira
(Eurobonds) a representarem 8% dos pagamentos de dívida externa este ano e
16,6% em 2025, mas ainda assim abrandando face aos níveis de 2023.
A inflação subiu em média 22,5% entre 2016 e 2023 e deverá subir 17% em
2024 e 2025, descendo para um dígito só em 2016, com o défice orçamental a
representar 1,4% do PIB entre este ano e 2027, o que compara com a previsão do Governo
de excedentes próximos de 1% do PIB.
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