O «duelo musical» entre os Jovens do Prenda e os Kiezos levou ontem ao «Kilamba», para a abertura da temporada de 2024 do «muzongué da tradição», a maior multidão jamais registada na catedral do SEMBA nos mais de 20 anos que o evento já tem de história.
Segundo os meus cicerones, aquilo estava pior do que um
comício em tempo de eleições gerais, incluindo na frontaria do recinto. No
interior, não havia espaço para mais ninguém por volta das 13 horas, o que era
anormal.
Em razão disto, a logística deu o berro muito mais cedo do
que se esperava, provocando a fúria de alguns convivas, por problemas nos
comeretes ou nos beberetes. Ainda não consegui falar com alguém da
administração da casa para saber o que se terá passado efectivamente, além do
que se pode extrair do pedido de «desculpas públicas» que o Dom Caetano, o
mestre-cerimónia, apresentou na hora da despedida, a dar a entender que o
«Kilamba» fará tudo para que tal falha não volte a acontecer. Oxalá.
Quanto ao show, dizer que não foi propriamente um trumuno, já
que ficou mais uma vez demonstrado que o conjunto do Marçal já não tem estaleca
para ombrear com o agrupamento do Prenda, que evoluiu para orquestra, estando
nesses dias sem «adversários» de verdade, para «litigar» no que diz respeito à
nossa música popular urbana. Foi um show de bola daqueles, em ambiente de
carnaval, com muita kazucuta pelo meio.
No fim, tive de ser socorrido, devido às caimbras de que fui
acometido, por ter sido obrigado a satisfazer as necessidades dançáveis dumas
cinco garinas, todas elas cheias de vontade para serem escangalhadas como manda
a lei do soberano.
Gostei do Toni do Fumo Jr., a actuação do António Paulino
esteve no ponto, a Patrícia Faria sempre a dar uma de activista da emancipação
feminina e o Augusto Chacaiá fez o já esperado, a dar uma de showman, mas a
assinalar que precisa de criar algo de novo, para não cair na mesmice.
Entre a assistência, quis falar com o Man Garras, que estava
numa mesa atrás da minha, mas me esqueci mbora depois, tive de aguentar as
investidas duma kinguila conhecida da Mulembeira dos Congolenses e aturar o
gajo do Hilário Wanguizuba, que continuava com aquela conversa estúpida da poda
dos estrubulhos do Saleno, caso os «palancas negras», ao invés do título da
pinguilita, acabassem por trazer o título de campeão do CAN, que alguns
lunáticos passaram a julgar possível só por terem ganho aos mbiris folgadamente
nos oitavos, o que era absolutamente normal, em se tratando de tejos nossos de
há bué.
O Michel, aquele gajo que se veste tipo o Mao Tse Tung, com
umas balalaicas à chinesa enormes, e afina à força mais que o Bravo da Silva, é
que veio com uma que quase me matou. «Olha, ó Salas, a Tonicha está por aí»,
disse ele todo pimposo. Intrigado por instantes, já que não estava a apanhar de
que Tonicha se tratava, demorei um bocado para captar. O homem estava afinal a
referir-se à Elisa Coelho da Cruz, a nossa Antonica, de quem ouvi que era
pretendente a noivo. Ela, acabada de chegar da África do Sul, ainda me deu um
«aló» assim que entrou, mas desapareceu logo a seguir do meu «visual», se
calhar para não lhe cobrar o «cheirinho» que ficara de me trazer. Xé, Tonicha,
fica já só assim.
Domingos das Neves, LMS Ferreira, Eliseu Major e Joaquim
Lunda, atenção à jogada. A Tonicha não é para quem quer. E ela já prometeu
atazanar-vos a valer nesta temporada!
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