O Governo do Bengo quer reatar, nos próximos tempos, a produção do café em grande escala, no âmbito do programa nacional da diversificação da economia, disse, ontem, a governadora, Maria Antónia Nelumba, durante o encontro com empresários, produtores familiares e membros da sociedade civil, que serviu entre outros propósitos, para debater o estado da produção do bago vermelho na província.
No encontro, a governadora anunciou, ainda, a realização, no próximo dia de
7 de Março deste ano, na cidade de Caxito, da 1ª conferência provincial do
café, para debater de forma mais ampla, questões relacionadas com a produção do
café no país.
Maria Antónia Nelumba, esclareceu, ainda, que com a
realização da conferência, o Governo do Bengo pretende alavancar a produção do
café na província e as potencialidades da cultura de café em Angola, em
particular na província do Bengo, o fortalecimento dos pequenos, médios e grandes
produtores, bem como a abertura da banca para financiar a sua produção.
A governante referiu que o café é uma cultura
dominante na província do Bengo, tendo em consideração que nos anos passados a
região já produzia muito café, sobretudo nas zonas do Triângulo e Nambuangongo,
que deve ser retomada, para continuar levar o nome do Bengo além fronteira.
"No âmbito da diversificação da economia, é
necessário aumentar a produção e exportações do café, porque nos anos passados
este produto garantiu riquezas para melhoria da vida dos empresários e da
população da região”, reforçou.
Maria Antónia Nelumba reconheceu, por outro lado, as
dificuldades dos produtores do café, que precisam de incentivo, organização,
comprometimento, para avançar com a actividade cafeícola por a
província possuir terras férteis, chuva que caem constantemente e pessoas
prontas para produzir, factores que podem permitir para renascimento do cultivo
de café em grande escala.
Entretanto, os cafeicultores querem mais incentivos
financeiros e outros apoios necessários para alavancar a actividade agrícola
nos municípios dos Dembos, Bula Atumba, Pango Aluquém e Nambuangongo.
O presidente da cooperativa Recafé-Bengo, Ernesto
Cirilo, disse que está empenhado a desenvolver actividade de produção do café e
cacau, espera mais apoios para garantir a empregabilidade de alguns jovens nas
comunidades.
O representante da fazenda Kindongo, Cândido Vieira
Capemba, disse que a sua fazenda tem mil hectares, dos quais 50 em produção que
ainda é pouco devido à falta de incentivo, a título de exemplo na última
campanha agrícola de 2022-2023 conseguiram colher apenas 30 sacos de café,
contra 10 sacos do ano anterior.
Acrescentou que o desenvolvimento da produção do café
dependerá das políticas do Estado, com vista a ajudar os produtores.
A representante da Fazenda Milongo, Isabel João disse
que a sua fazenda, localizada na Mobil, município dos Dembos, tem 60 hectares,
17 trabalhadores efectivos e 30 eventuais e enfrentam dificuldades no pagamento
de trabalhadores, a falta de tecnologia avançada para mecanização e do
financiamento.
Explicou que o café não é uma cultura difícil e
depende de muito empenho e vontade e referiu que na última campanha agrícola de
2022/2023 colheram 17 toneladas de café contra 12 toneladas do anterior.
Pediu ao Governo, no sentido de subvencionar os
agricultores para aumentar a produção do café nos municípios produtores de café
na província do Bengo.
O sector agrícola no Bengo controla, actualmente, 288
fazendas de café nos quatro municípios, nomeadamente Dembos, Pango Aluquem,
Bula Atumba e Nambuangongo, e deste número, 225 estão subaproveitadas e 58 em
funcionamento, assegurado por mais de mil produtores familiares.
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