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“MPLA e UNITA já não servem à juventude: partidos tradicionais estão em decadência” – Ekundi Chissolukombe

O jovem político angolano Eduardo Ekundi Kassoma Chissolukombe, antigo dirigente da CASA-CE e ex-membro da UNITA, considera que os partidos históricos do país “estão em decadência” e deixaram de responder às necessidades reais da juventude. Em entrevista, defendeu que é preciso “novas ideias e novos actores” para renovar a vida política nacional.

Nascido na Jamba, província do Kuando Kubango, em 1983, Ekundi iniciou a militância política na UNITA, onde chegou a ser eleito para a Comissão Política da JURA em 2011. Mais tarde, integrou a CASA-CE, onde exerceu funções de director do gabinete de Abel Chivukuvuku, além de responsabilidades na mobilização e organização.

Sobre esta experiência, recorda: “Fiz parte ao Task Force da campanha do doutor Abel, andámos o país todo, mas em 2022 percebi que o meu ciclo naquele meio tinha terminado. A vida tem estágios, e aquele terminou para mim.”

Apesar do passado em partidos tradicionais, o político insiste que o futuro passa por novas vias: “Os partidos tradicionais estão em decadência porque não propiciam a realidade que se pretende para o desenvolvimento do país. Eles não disputam ideias, disputam cores, e isso tem atrasado Angola.”

Eduardo Ekundi Kassoma Chissolukombe aponta o MPLA e a UNITA como exemplos de estruturas resistentes à renovação: “Há um rejuvenescer destas estruturas, mas apenas com rostos novos. O que se pretende são ideias novas. Não basta rejuvenescer quando o pensamento é o mesmo, não estamos a fazer nada.”

Para ele, a juventude é a chave da mudança: “Mais de 60% da população angolana tem menos de 25 anos, mas continua a enfrentar desemprego, fome e exclusão. Esta juventude já não encontra espaço nos canais tradicionais e tem criado movimentos reivindicativos e grupos comunitários para se fazer ouvir.”

O político rejeita a ideia de que os partidos históricos dão espaço real aos jovens: “O que existe é clientelismo político. Muitos jovens deixam de sonhar e ficam reféns de mais velhos que os controlam. Isso é o que tem atrasado a participação da juventude.”

Em 2023, lançou o projecto político Movimento do Povo para a Mudança (MPM), que, segundo afirma, “procura trazer actores novos e ideias novas”. Contudo, admite que o processo de legalização foi travado por dificuldades financeiras e burocráticas: “Não se pode sonhar em criar um partido político com menos de 10 milhões de kwanzas.”

Ainda assim, garante que não desistiu: “Foi um exercício, aprendemos com os erros e vamos continuar. A resiliência é uma bandeira que carregamos.”

Sobre a actual juventude nos partidos do poder e da oposição, é categórico: “Os jovens que hoje estão no Executivo não estão preocupados em servir, mas em se servir. A nossa luta é criar uma geração que sirva o país e não os interesses pessoais.”

Para Ekundi, os partidos não devem ser um fim, mas apenas instrumentos: “Os partidos são compostos por homens e ideias. Se as ideias deixam de responder às aspirações, não faz sentido continuar preso a essas estruturas. O fim é servir o país.”

Conclui deixando um apelo à juventude: “É preciso que os jovens tomem as rédeas da luta. A política não é para se realizar pessoalmente, mas para construir um futuro colectivo. Angola precisa de ideias novas e de coragem para romper com a decadência dos partidos tradicionais.”

 

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