E também culpou ‘as redes sociais que saíram à rua a disparar’... E concederam o seu ‘aval’ aos Órgãos de Defesa e Segurança para prosseguirem com as medidas de garantia da ordem, tranquilidade e segurança públicas e a manutenção da paz social
Pelo conteúdo do comunicado final da reunião realizada hoje (ver mais abaixo), se percebe uma vez mais, que todos são culpados do caos ocorrido nos dias 28, 29, 30 de Julho e 1 Agosto de 2025, nas províncias de Luanda, Malanje, Huíla, Benguela, Cubango, Bengo e Icolo e Bengo, menos o Governo e o Titular do Poder Executivo em consequência das políticas impopulares que têm adoptado.
Ou
seja: este povo não presta porque tem fome, é facilmente influenciado por
agentes internos e externos por via das redes sociais, porque tem acesso aos
órgãos de comunicação públicos. Porque o país “está bom e é favorável” como
canta Paula Flores. Não houve aumento dos preços das viagens de táxis, nem da
cesta básica. A população tem comida à fartura. Por isso tudo se manterá
inalterável.
E por isso, o Conselho da República encoraja os Órgãos de Defesa e
Segurança a prosseguirem com as medidas de garantia da ordem, tranquilidade e
segurança públicas e a manutenção da paz social. O mesmo que caucionar um golpe
institucional que nos parece que já está em marcha, com prisões arbitrárias,
julgamentos em massa, supressão de direitos fundamentais, forças do exército e
da Polícia Nacional nas ruas e em peso. Quem será o próximo agente instigador
que irá parar aos calabouços do Sistema?
Falando à comunicação social no final do Conselho, o presidente da UNITA,
Adalberto Costa Júnior foi claro:
“O país tem acompanhado quais têm sido as posições das instituições e são
sempre aquelas que apontam para terceiros e nunca para o mínimo de partilha de
responsabilidade. Não é uma boa opção. Temos problemas sérios e desafios
grandes. Se alguém pensar que os causadores são sempre os outros e nós não
temos responsabilidades próprias, não está a ajudar Angola a caminhar no bom
sentido”.
E informou que, em nome da direcção do seu partido, fez uma longa
exposição, entregue posteriormente, ao Presidente da República.
Mas, como se pode observar do conteúdo do comunicado, o que prevaleceu
mesmo, é a versão dos que governam, ainda que, levando o país para o
descalabro. O comunicado, só aponta um culpado:
“O Conselho da República esteve reunido hoje, segunda-feira, dia 11 de
Agosto de 2025, na sala de reuniões do Conselho de Ministros, no Palácio
Presidencial, em sessão extraordinária convocada e orientada pelo Presidente da
República, João Manuel Gonçalves Lourenço, para analisar a Situação de
Segurança Pública no País, com destaque para os eventos ocorridos dias 28, 29,
30 de Julho e 1 Agosto de 2025, nas províncias de Luanda, Malanje, Huíla,
Benguela, Cubango, Bengo e Icolo e Bengo, marcados por actos de vandalismo,
arruaça, insurgência contra as forças da ordem e segurança, bem como pilhagem
de estabelecimentos públicos e privados.
Os membros do Conselho da República foram informados de que a situação da
segurança pública no país é estável, sendo que os serviços outrora
temporariamente interrompidos por causa dos actos de vandalismo já se encontram
em pleno funcionamento, apesar de ainda se verificar a persistência da
desinformação e da incitação disfarçada à violência a nível das redes sociais,
cenário que tende a instaurar o pânico e o sentimento de insegurança no seio da
população.
O Conselho da República apela à população angolana a manutenção de uma
postura cívica e ordeira, pautando pelo exercício responsável e consciente dos
direitos e liberdades consagrados na Constituição da República de Angola e na
Lei e pelo respeito às Autoridades, evitando, igualmente, a disseminação de desinformação
nas plataformas digitais, de modo a se salvaguardar o bem-estar de todos.
O Conselho da República encoraja os Órgãos de Defesa e Segurança a
prosseguirem com as medidas de garantia da ordem, tranquilidade e segurança
públicas e a manutenção da paz social” (fim).
Sobre os mortos e feridos pelas balas disparadas pelos efectivos da Polícia
Nacional, mas também dos que resultaram das acções de arremesso de pedras e de
outros objectos contundentes pelos vândalos e arruaceiros, identificados ou
não, absolutamente nada. Nenhuma referência, porque a vida em Angola, não tem
significado. Mais de 30 mortos, não tocaram a sensibilidade dos auxiliares do
Titular do Poder Executivo mas também, por efeito de contágio (ou de
solidariedade?) os do Conselho da República.
Tenho dúvidas sérias de que ocorrerão mudanças na postura de quem governa
no período que se seguirá, porque mesmo com tudo a indicar que o país tomou um
rumo perigoso para a estabilidade, insiste-se em concordar com o Presidente da
República, que tudo não passa de instigação por via das redes sociais E também
culpou ‘as redes sociais que saíram à rua a disparar’... E concederam o seu
‘aval’ aos Órgãos de Defesa e Segurança para prosseguirem com as medidas de
garantia da ordem, tranquilidade e segurança públicas e a manutenção da paz
social. Ou seja: todos são culpados, menos o verdadeiro ‘culpado’ que
continuará a dormir o sono dos justos.
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